A ameaça feita pelo general da reserva Augusto Heleno, ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), às instituições na última sexta-feira (22) gerou atrito entre políticos de centro e do centrão.
Os líderes das legendas não conseguiram chegar a um acordo sobre o formato de resposta ao ministro, apesar de concordarem que havia necessidade de uma ação por parte do Congresso.
Os deputados Paulinho da Força (Solidariedade-SP) e Marcos Pereira (Republicanos-SP) prepararam uma nota a ser assinada por todos os partidos, mas o conteúdo desagradou parte do grupo, e a empreitada foi cancelada.
A ênfase do documento estava no discurso da necessidade de garantir a governabilidade. Já PSDB e DEM queriam uma defesa da democracia.
Sem consenso, restou ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), elaborar uma declaração que, para a oposição, mostrou timidez frente aos ataques do governo de Jair Bolsonaro (sem partido).
Na terça (26), em uma referência direta a Heleno, Maia afirmou que o Legislativo “respeita e cumpre as decisões judiciais, mesmo quando delas discorda”.
Mas outro trecho, em que disse ver como natural o esforço do governo em formar uma base, foi criticado na esquerda por parecer um sinal de concessão ao centrão, que negocia cargos e emendas em troca de apoio a Bolsonaro.
“Ao invés de ser criticado, esse esforço deve ser respeitado. O sistema democrático exige a convivência republicana entre Executivo e Legislativo”, disse Maia.
Foi a primeira manifestação do presidente da Câmara após a nota de Heleno e a divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril.