O senador alagoano Renan Calheiros (MDB-AL) evidenciou sua própria bipolaridade, ao criticar, na sexta (13), o juiz federal Sérgio Moro por descumprir a decisão liminar do desembargador federal do TRF-4 Rogério Favreto, em favor da libertação do ex-presidente Lula, que está preso em Curitiba (PR) por ter sido condenado por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do Triplex do Guarujá (SP).
Mas a retórica do pré-candidato a reeleição ignora que há menos de dois anos, em dezembro de 2016, o agora “indignado” senador descumpriu decisão judicial, também liminar, do ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinava seu afastamento da Presidência do Senado.
Atendendo a um pedido do partido Rede Sustentabilidade, o ministro havia entendido que, como Renan Calheiros virou réu no Supremo, não poderia continuar no cargo, estando à época na linha sucessória da Presidência da República. O senador se negou a assinar a notificação da decisão, que um oficial de Justiça tentou, por duas vezes, entregar a ele, ficando seis horas em sua antessala no Senado.
No vídeo publicado nas suas redes sociais, Renan afirma que o Brasil presencia “sinais trocados de uma época bipolar”, ao condenar o descumprimento da decisão do desembargador que já foi petista e tiete de Lula e pesou a caneta sobre um inexistente “fato novo”, durante um plantão judiciário.