A relatora da Proposta de Emenda à Constituição 125/11, que traz mudanças no sistema eleitoral, deputada Renata Abreu (Pode-SP), disse na segunda-feira (2) que o texto poderá ser votado na próxima semana na comissão especial.
Em entrevista à Rádio Câmara, Renata Abreu rebateu as críticas relacionadas à adoção do “distritão” para as eleições de deputados em 2022. Hoje, o sistema é proporcional. Para eleger um deputado, um partido precisa de uma quantidade determinada de votos. Para isso, todos os votos dados para deputados do mesmo partido contam. Então, se um candidato tem 1 milhão de votos, mas precisa de apenas 200 mil para se eleger, ele “puxa” colegas do mesmo partido ou coligação.
O parecer de Renata Abreu, apresentado no mês passado, prevê a adoção do sistema eleitoral majoritário na escolha dos cargos de deputados federais e estaduais em 2022. É o chamado “distritão puro”, no qual são eleitos os mais votados, sem levar em conta os votos dados aos partidos, como acontece no atual sistema proporcional.
Para os defensores do sistema atual, apesar de ser complicado para o eleitor entender; ele tem a vantagem de fortalecer os partidos e de favorecer a eleição de minorias. Renata Abreu afirma, porém, que é injusto um candidato ter mais votos que outro e não ser eleito.
“A diferença para o ‘distritão’ é que a celebridade vai favorecer só ela. Com relação ao enfraquecimento de partidos, eu também discordo. Porque hoje como que um candidato escolhe um partido? Conveniência de chapa. Qual é a melhor chapa para eu me eleger? No ‘distritão’, como a chapa é indiferente, ele vai escolher por afinidade.”
Sistema misto
Segundo a relatora, o “distritão” valeria apenas em 2022 pela falta de tempo para dividir os estados em distritos menores com zonas eleitorais correspondentes. Já em 2024, a ideia é fazer um sistema misto, em que cada estado seria dividido em distritos.
O eleitor votaria duas vezes, uma para o candidato do distrito e outra para os candidatos das listas partidárias, como acontece hoje.
Mulheres e datas
Outra mudança sugerida pela relatora é que os votos dados a mulheres valerão em dobro na hora de os partidos dividirem o Fundo Partidário; o que deve estimular candidaturas femininas. Renata Abreu ressalta que hoje 900 câmaras municipais não têm nenhuma vereadora.
O texto também muda a data da posse do presidente de 1º de janeiro para o dia 5. E o dos governadores e prefeitos, para o dia 6.
Texto original da PEC, do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), só adiava as eleições que coincidiam com feriados, mas Renata Abreu ampliou os temas abordados.
Tramitação
Depois de votada na comissão especial, a proposta ainda precisa passar por dois turnos de votação nos plenários da Câmara e do Senado. A aprovação depende de, no mínimo, 308 votos de deputados e 49 senadores em cada uma das votações em Plenário.