A Refinaria da Amazônia (Ream), a antiga Refinaria Isaac Sabbá (Reman), no Amazonas, privatizada em dezembro de 2022, paralisou sua produção e está operando apenas como estrutura de apoio logístico para a distribuição de derivados importados.
A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Petróleo e Derivados do Estado do Amazonas (Sindipetro-AM) e encaminhada à Federação Única dos Petroleiros (FUP). A Ream, controlada pelo grupo Atem, alega parada de manutenção intensiva em toda a unidade e por isso teria sido necessário paralisar temporariamente as atividades de refino.
“A explicação da empresa não coincide com os fatos. Muito estranho, pois não se vê ritmo e movimentação de parada de manutenção, processo que exige contratação de empregados para acompanhar e fazer o serviço. O que estamos vendo é a demissão de trabalhadores, mais de 40 deles foram desligados nos últimos dias”, destaca o coordenador-geral do Sindipetro-AM, Marcus Ribeiro. Segundo ele, “a refinaria não está produzindo nada e se transformou, na prática, em terminal logístico”.
A FUP e o Sindipetro-AM sugerem que a Petrobras intervenha na Ream e constate se o grupo Atem quer se desfazer do ativo ou realizar parceria com a estatal.
O Sindipetro-AM argumenta que o cenário gera dúvidas sobre a continuidade do refino na unidade, além de levar a incertezas sobre o fornecimento local e a riscos de desabastecimento. “O refino é uma atividade de caráter de interesse público; a empresa precisa informar aos órgãos competentes ao interromper a produção. Se a empresa deixar de refinar, diminui empregos, arrecadação de imposto e investimento”, destaca Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP.
Não é a primeira vez que a Ream gera desconfianças e desrespeito a regras. Em maio último, o Sindipetro-AM entrou com uma ação civil pública contra o grupo Atem por não ter divulgado informações obrigatórias sobre a produção de combustíveis. A Agência Nacional do Petróleo (ANP) também abriu processo de infração sobre o caso.
A Reman foi vendida por US$ 257,2 milhões, incluindo um terminal aquaviário. A refinaria tem capacidade de processamento de 46 mil barris/dia e atende sobretudo ao mercado da região Norte.
Mas desde que foi privatizada a refinaria passou a ter o combustível mais caro do que a média nacional, lembra Bacelar. “Com isso, a Ream é considerada a recordista da gasolina mais cara do país, superando até mesmo o valor cobrado pela Refinaria de Mataripe, na Bahia, também privatizada”, afirma ele, baseado em levantamentos da ANP.