A Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) desempenha um papel vital ao monitorar a sismicidade em todo o território nacional, fornecendo dados essenciais para a compreensão da atividade sísmica e da estrutura interna da Terra.
A parceria estabelecida desde 2016 entre o Serviço Geológico do Brasil (SGB) e a RSBR fortalece o compromisso conjunto de implantar e manter cobertura por estações sismográficas em território nacional.
A RSBR já instalou mais de 90 estações sismológicas em diferentes estados do Brasil. A conexão dos dados das estações com as instituições é realizada em tempo real, através de transmissões via internet e satélites. Esses dados são armazenados pelas instituições e são disponibilizados gratuitamente para a sociedade.
Para o geofísico do Serviço Geológico do Brasil Marcos Ferreira, o Brasil é um país relativamente estável em termos de atividade sísmica, especialmente quando comparado com o Chile, Japão e outros países do Círculo de Fogo do Pacífico.
No entanto, o Brasil ainda possui terremotos, especialmente na região Nordeste mais ativa do país com relação a eventos sísmicos. Nas outras regiões também ocorre alguns tremores. “É menos provável que o Brasil experimente terremotos de magnitude elevada. Isso se deve ao contexto geológico único brasileiro, situado no centro de uma placa tectônica, mas tal hipótese não pode ser descartada”, esclareceu.
Marcos ressaltou também a importância do trabalho em conjunto da RSBR e que o SGB ajuda a manter. “Esse monitoramento além de trazer informações responde ao questionamento da população quando ocorre qualquer tipo de evento sísmico na região brasileira”, disse.
Para o chefe da Divisão de Sensoriamento Remoto e Geofísica do SGB, Iago Costa, uma rede sismográfica nacional forte e estruturada é essencial para um país, mesmo este sendo pouco reconhecido pela sua atividade sísmica. Nos últimos anos ficou evidente que um monitoramento eficaz da atividade sísmica do Brasil é extremamente importante para a segurança da nossa sociedade, bem como para nosso ordenamento territorial. Devido a predominância de sismos de baixa magnitude, nosso planejamento urbano pouco leva em consideração este fator.
Além disso, Iago Costa destaca o papel da RSBR na pesquisa científica. Além de monitorar os eventos sísmicos, a RSBR também possui um papel importante para o desenvolvimento de pesquisas geocientíficas, subsidiando diversos projetos de pesquisa, publicações científicas e teses.
“Estas pesquisas auxiliam não só no entendimento da atividade sísmica em território nacional, mas em outros temas, como a arquitetura e evolução da litosfera da placa sul-americana. Esse desenvolvimento científico traz benefícios diretos à sociedade, como exemplo do estudo de regiões favoráveis para recursos minerais necessários para a transição energética”, complementou.
O coordenador da RSBR e pesquisador do Observatório Nacional, Sergio Fontes, também evidenciou que a RSBR desempenha um papel fundamental no avanço do conhecimento geocientífico no País.
“Nosso compromisso com a implantação e manutenção de estações sismográficas permanentes é um pilar essencial para a compreensão dos fenômenos sísmicos que podem afetar diferentes regiões do Brasil. Ao coletar dados precisos e contínuos, somos capazes de fornecer informações valiosas que não apenas contribuem para a mitigação de riscos sísmicos, mas também enriquecem os estudos sobre a dinâmica interna do nosso planeta”, explicou.
O pesquisador acrescentou ainda que a RSBR não apenas monitora eventos sísmicos, mas também desempenha um papel importante na promoção da segurança pública, alertando sobre possíveis riscos e permitindo a implementação de medidas preventivas.
Parceria
A RSBR é constituída por: Rede Sismográfica do Sul e do Sudeste do Brasil (RSIS), sob a coordenação do Observatório Nacional (ON/MCTI); Rede Sismográfica do Nordeste do Brasil (RSISNE), sob a coordenação do Laboratório Sismológico da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (LABSIS/UFRN); Rede Sismográfica Integrada do Brasil (BRASIS), sob a coordenação do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), e Rede Sismográfica do Centro e Norte do Brasil (RSCN), sob coordenação do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (OBSIS/UnB). Conta ainda com o apoio da Petrobras e Agência Nacional do Petróleo (ANP).