Ex-ministro da Saúde, Nelson Teich afirmou ao vivo na CNN Brasil, nesta segunda-feira (8), que a pasta teve enfraquecida a sua posição de liderança com a revisão do método de divulgação de casos e mortes de Covid-19. Ele defendeu a revisão da nova metodologia e avaliou que a recontagem indicará um maior número de mortes.
“Não acredito que vá haver redução do número de casos. Você tem que mapear as mortes todas. É mais provável que tenham mais mortes do que menos mortes”, afirmou — ponderando, entretanto, que uma recontagem pode melhorar a qualidade da informação.
O ex-ministro disse acreditar que a pasta “vai rever a posição”, mas que “a única consequência prática” é que o ministério pode ter “enfraquecido sua posição como liderança”. “Isso é uma coisa que [o ministério] tem que resgatar”, defendeu.
“A informação não vai deixar de existir. Essa mudança que aconteceu vai ter que ser revista, acredito que vai rever, porque não consigo imaginar a ideia de ocultar a informação. Isso vem dos estados e, se o ministério não consolidar, alguém vai. Não consigo ver essa situação da desinformação, porque ela vai chegar”, afirmou.
O ex-ministro avaliou que a situação atual é uma “guerra de números” que causa polêmica e gera polarização. “E isso é muito ruim. O que penso hoje é que a saúde, a sociedade e o país precisam de uma trégua”, considerou. “Acredito que vai haver um reposicionamento e não vamos ter dificuldade de informação”.
Teich ainda assegurou que nunca sofreu qualquer pressão por parte do governo federal sobre a divulgação dos dados da Covid-19. “Nunca teve qualquer pressão do governo. Isso nunca aconteceu. A decisão de atrasar de 17h para às 19h foi porque naquele momento existia a informação de que a gente poderia ter uma revisão às 19h, então justamente para não gerar problema”, esclareceu.
Demissão e cloroquina
Teich deixou a pasta em 15 de maio, após 29 dias no cargo. De acordo com apuração do analista de política Caio Junqueira, da CNN, a saída do oncologista teve relação com a assinatura dos novos protocolos para o uso da cloroquina. Cinco dias depois, o então ministro interino, Eduardo Pazuello (agora oficializado ministro) assinou a ampliação daa recomendação do medicamento contra Covid-19.
Ele negou que tenha afirmado que a demissão foi o “dia mais triste” da vida dele e que tenha declarado que assinar o protocolo sobre a cloroquina mancharia a carreira dele.
“Minha história é minha história, e sempre conduzi de uma forma para que ela fosse a melhor possível. Naquele momento, a discussão estava em cima da cloroquina. O problema não era a cloroquina, podia ser qualquer remédio, mas a forma de você trabalhar a incorporação tecnológica”, explicou.