3 horas dos 96 anos da Rainha Elizabeth foram passadas em Salvador. No início de novembro de 1968, a monarca do Reino Unido, ao lado do marido Princípe Philip, fez um passeio pelo Brasil. Por aqui, o casal foi em Recife, Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e, claro, Salvador.
Pouco menos de 54 anos após pisar na capital baiana, Elizabeth morreu nesta quinta-feira (8).
A passagem por Salvador foi curta, porém quente – literalmente. A primavera com ares de verão recepcionou o casal real com ardentes 33 graus.
O colunista Nelson Cadena, do jornal Correio, contou em um texto de 2012 que o motorista que levaria a Rainha se descuidou e não estacionou na sombra. “Beth”, desprevenida, entrou no carro e sentou direto no banco de couro do Lincoln 1935, que a levaria para um “tour” pela cidade da Bahia.
Ao encostar no assento, que mais se assemelhava a um forno, a vossa majestade arregalou os olhos e deu um pinote do banco em brasas. A cena provocou o espanto dos presentes e resultou num pequeno atraso em sua agenda.
Segurança do cortejo era garantida apenas por uma corda e alguns policiais de enfeite (Foto: Arquivo Público da Bahia) |
Após o susto, o passeio deu início. A primeira parada de Elizabeth e Philip foi o Mercado Modelo. O chão do local, que era de cimento, foi coberto com uma esteira de sisal para não ferir os pés reais.
No ponto turístico, o casal apreciou as barraquinhas de folha, o artesanato, bebeu um suco de pitanga e aceitou, de bom grado, ornamentos de prata confeccionados pelo joalheiro Gerson, por encomenda de Camafeu de Oxóssi, em nome dos barraqueiros.
Após deixar o Mercado Modelo, a corte partiu em direção a Ladeira da Conceição, novinha em folha com uma camada de asfalto passada no dia anterior.
Com bandeiras da Inglaterra, milhares de baianos se aglomeravam pelo caminho na tentativa de dar uma espiadinha no casal real.
Logo depois, a rainha reuniu-se com os ingleses residentes em Salvador na Igreja Anglicana, participou de uma solenidade no Palácio da Aclamação, presentes as autoridades do estado e 120 casais convidados, inclusive intelectuais e artistas como Jorge Amado e Carybé; visitou a Igreja de São Francisco e o Museu de Arte Sacra antes de embarcar de volta no Britânia, o navio real que a conduziria ao Rio de Janeiro, próxima parada em sua tour na terra de Pindorama.
Então, o navio cruzou o Farol da Barra, seguido de duas corvetas inglesas e muitos saveiros em solene procissão, o povo baiano da orla apreciando o cortejo.