Encerrada a sabatina no Senado que confirmou na semana passada a ida de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF), abriu-se oficialmente a disputa pela vaga do sucessor dele no Ministério da Justiça. As articulações e conversas de bastidores a respeito de quem ficará com o posto já vinham ocorrendo há algum tempo, mas é visível o aumento das movimentações nesse sentido nos últimos dias. O presidente Lula da Silva (PT) tem com prazo final para fazer a escolha até a segunda quinzena de fevereiro, data em que está prevista a posse de Dino no STF.
Um dos nomes em alta na bolsa de apostas para a vaga no Ministério da Justiça é o do ex-ministro Ricardo Lewandowski. Há muitos comentários também citando com chances reais de ocupar o cargo Simone Tebet, ministra do Planejamento, e o advogado Marco Aurélio de Carvalho, membro muito atuante do Prerrogativas, grupo de renomados juristas ligado ao presidente Lula.
Com o objetivo de tentar influenciar a escolha, grupos da sociedade civil e lideranças dos partidos políticos vêm enviando recados ao Palácio do Planalto a respeito de suas preferências. Nesse sentido, chamou atenção o posicionamento do MDB, tornado público pelo presidente da sigla, o deputado federal Baleia Rossi, citando de forma explícita um candidato de fora da agremiação. “Claro que o nome da Simone tem apoio de todo o partido e seria uma honra tê-la por lá. Apesar de que ela está indo muito bem no Planejamento”, afirmou ele a VEJA. “Temos também simpatia pelo Marco, pois ele é muito preparado e qualificado. Pode contribuir com o governo nessa área tão importante.”
Nos bastidores do mundo político, os elogios de Baleia Rossi são interpretados como um gesto de peso capaz de engrossar para além da esquerda o cordão de apoios formado em torno do nome de Marco Aurélio de Carvalho. Ele já conta com apoio de algumas das mais importantes correntes do PT para chegar ao Ministério da Justiça. Além disso, tem a simpatia de membros graduados do mundo jurídico e de alguns importantes movimentos sociais.
Militante do partido desde a adolescência, o advogado de 46 anos foi uma das vozes mais críticas aos métodos da Lava Jato, quando a operação estava no auge da popularidade. No início do atual governo, foi sondado para ocupar cargos técnicos, mas declinou os convites. No momento, atua como uma das lideranças do conselho ligado ao Ministério das Relações Institucionais. O “Conselhão”, como o grupo foi apelidado, reúne trabalhadores, empresários e membros da sociedade civil para discutir projetos para o país.
Em entrevistas recentes, ao falar sobre os desafios da questão da segurança no país, Marco Aurélio elegeu o combate ao crime organizado como uma das prioridades, defendendo um tratamento transversal para o tema, com os objetivos de desorganizar os aparatos de lavagem de dinheiro do crime organizado e de criar políticas para construir alternativas para a juventude.
Procurado, Marco Aurélio agradeceu a generosidade de Baleia Rossi para a indicação de seu nome para o Ministério da Justiça (“amigo de muito tempo”, disse o advogado), mas reiterou a disposição de apoiar qualquer nome que o presidente Lula escolha e segue apoiando Ricardo Lewandowski como a pessoal ideal para chefiar a pasta neste momento.