domingo 5 de maio de 2024
Reunião da Executiva Nacional do União Brasil. Antônio Rueda. — Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo.
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quarta-feira 20 de março de 2024 às 19:33h

Quem é Antonio Rueda, novo presidente do União Brasil que entrou na mira de Bivar

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Com a decisão da Executiva do União Brasil de afastar o atual presidente da sigla, deputado Luciano Bivar (PE), o advogado Antonio Rueda assumiu nesta quarta-feira (20) o comando da legenda. Ele foi eleito para substituir Bivar no mês passado e tomaria posse em junho, mas segundo Camila Turtelli e Lauriberto Pompeu, do O Globo, o afastamento do parlamentar acabou por antecipar o processo.

Dirigente com experiência nos bastidores da política, mas ainda neófito sob os holofotes, Antônio Rueda foi eleito para o comando do União Brasil no curso da maior crise da história do partido, que ainda não completou três anos de fundação. Os ânimos alcançaram um novo grau de acirramento nesta terça-feira, após o incêndio que atingiu as casas de Rueda e sua irmã, também da direção da legenda, no litoral de Pernambuco. O episódio gerou acusações de “crime político”, já que existem investigações a respeito de ameaças que o deputado Luciano Bivar, seu principal adversário na disputa pela chefia da sigla, teria feito — o parlamentar diz que vincular seu nome ao incêndio é “ilação”.

Antes de chegar ao topo de sua carreira partidária, Rueda expandiu a influência e se consolidou como uma das novas lideranças do Centrão, na esteira da ascensão do bolsonarismo. Desde que chegou em Brasília em 2018, ele mora com a família em uma casa no Lago Sul, área nobre. O imóvel é palco de reuniões e jantares com caciques do Centrão, como Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e o deputado Marcos Pereira, à frente do Republicanos.

Outra presença frequente é o presidente do PP, senador Ciro Nogueira. É comum, inclusive, que façam viagens juntos. Eles já estiveram no Catar no final de 2022 para acompanhar os jogos da Copa do Mundo, e também já fizeram passeios em Las Vegas (EUA), acompanhados por nomes como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL); o ex-prefeito ACM Neto, eleito vice-presidente do União Brasil; e o deputado Elmar Nascimento (BA), líder do partido na Câmara.

A relação com ACM Neto, aliás, ajuda a explicar o trunfo na disputa interna no União. Ao contrário de Bivar, Rueda manteve boa relação com a ala egressa do DEM — apoios que foram essenciais para sua vitória. Integrantes deste grupo avaliam que o presidente eleito tem um estilo diferente do adversário, que costuma centralizar as decisões, e veem em Rueda um perfil mais negociador.

— Enquanto dirigente partidário, visito os estados e tenho relação com todo mundo. Quero o melhor para a sigla — afirmou Rueda.

As relações incluem também o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ponte que se manteve mesmo com a saída ruidosa do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos do PSL, em 2019. A proximidade fez com que Rueda participasse de uma operação, mal-sucedida, para trazer Bolsonaro de volta ao PSL entre o final de 2020 e começo de 2021.

O dirigente partidário também participou de reuniões no Palácio da Alvorada com Bolsonaro no segundo turno da eleição presidencial e fez parte da ala que defendia um apoio à reeleição dele, enquanto Bivar queria que o partido apoiasse Lula em 2022. Apesar do posicionamento, Bivar também reúne aliados na esquerda, mas não é próximo ao presidente.

— É um talento da política desde muito cedo. Tem grande capacidade de diálogo e de negociação — afirmou o deputado Orlando Silva (PCdoB-RJ).

Oposição interna

Além de Bivar, Rueda colecionou outros adversários internos. Integrantes da bancada do Rio, por exemplo, tentam aval para sair do partido e dizem que Rueda negociou, sem consultar os parlamentares, indicações para o Detran no estado e para a secretaria municipal de habitação.

Segundo os deputados dissidentes, Rueda teria também dito frases como: “Tomara que saiam do partido” e “prefiro começar o partido do zero no Rio”. Ele nega as acusações e atribui o episódio a uma insatisfação do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que deixou a sigla ano passado rumo ao Republicanos..

— Embriagado pelo poder. Ele, e seu padrinho (Bivar), são donos de um partido político recheado de fundos públicos. A mais perfeita evidência da urgente reforma politico-partidária de que o país precisa — afirmou Marcos Cintra ex-consultor do União Brasil

Além do conflito no Rio, Antonio Rueda foi protagonista de uma disputa no Acre. Seu irmão Fábio Rueda foi candidato a deputado federal pelo União Brasil no estado em 2022, mas não foi eleito. Fábio protagonizou uma disputa com o senador Alan Rick (União-AC) por influência no diretório estadual, o que fez o senador ameaçar pedir desfiliação. Diante disso, ACM Neto recorreu a Rueda, que falou com o irmão e cedeu a Alan Rick na disputa. Integrantes do partido reclamam sob reserva que Rueda, passa por cima de lideranças políticas e negocia direto com governos locais sobre indicações e participações da legenda.

Advocacia em família

Filho de médica e de um engenheiro espanhol, Rueda se formou advogado e se especializou na área do direito tributário. Em 1998, conheceu Bivar e foi atuar para suas empresas na área de seguros e, ao lado dele, fazer parte da direção do Sport Clube Recife.

Em 2008, Rueda abriu um escritório de advocacia ao lado da irmã Maria Emília, o Rueda & Rueda. Fã de tecnologia, ele atribui o crescimento do escritório ao uso da ciência. Da inauguração para os dias atuais, eles passaram de mil para mais de 250 mil processos na carteira. Um software usado pelo dirigente partidário dá, por exemplo, um percentual sobre como cada juiz costuma decidir a respeito de determinado tema.

Oito anos depois, assumiu a presidência do PSL, à época um partido nanico. O desafio era superar a cláusula de barreira para manter viva a legenda que tinha apenas um deputado eleito. Rueda nutria a esperança de elevar a bancada do partido para 30 representantes, e acabou elegendo 54 em 2018.

A campanha vitoriosa de Bolsonaro à Presidência foi a bala de prata. A aproximação entre os dois ocorreu via o ex-deputado estadual Fernando Francischini, apesar de Bivar rejeitar a ideia, no começo. Na época, Rueda não tinha certeza de que Bolsonaro poderia ser eleito presidente e viu a facada como evento decisivo para os rumos que a política do país tomou desde então.

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