A arte permite que as pessoas comuniquem suas ideias, emoções e visões de mundo. A arte transformar a sociedade, melhora a saúde mental, promove a diversidade cultural, inclusão
Embora os dois termos sejam usados frequentemente como sinônimos, entender suas distinções pode nos ajudar a valorizar melhor o que eles representam em nossas vidas. Ambos fazem parte da identidade de uma comunidade, mas suas funções e abrangências são distintas.
A palavra cultura vem do latim “colere”, que significa cultivar. Originalmente, referia-se ao cultivo da terra, mas seu significado expandiu-se ao longo do tempo para incluir o cultivo do espírito humano. Cultura é, em essência, tudo aquilo que molda e define um grupo de pessoas em uma sociedade.
Ela é como o solo adubado onde plantamos nossas crenças, valores, tradições, línguas, hábitos e modos de vida. Escritores como Gilberto Freyre, autor de Casa-Grande & Senzala, destacam que a cultura brasileira é um “caldeirão de influências” moldado pela mistura de povos indígenas, africanos e europeus
Para Freyre, a cultura é uma união de valores e interações sociais que formam a identidade de um povo. No mesmo sentido, o antropólogo Darcy Ribeiro, em suas obras, enfatiza que a cultura é a base que nos diferencia e ao mesmo tempo nos conecta como seres humanos, afirmando que “o Brasil é um verdadeiro testamento de como diferentes culturas podem se entrelaçar para formar uma nova e única identidade cultural”.
A cultura é um “guarda-chuva gigantesco” que cobre e protege todos os aspectos de uma sociedade. Ela abrange desde a maneira como nos vestimos até os pratos que gostamos de cozinhar, passando pela forma como celebramos o nascimento de uma criança ou um casamento, e até mesmo pela maneira como lidamos com a morte.
É a cultura que nos diz que o carnaval é uma grande festa de rua no Brasil, enquanto, em outro canto do mundo, o ano novo chinês é marcado por fogos de artifício e dragões dançantes.
Se a cultura é um solo adubado e fértil, a arte são as flores que desabrocham, cheias de cores. A arte é uma parte da cultura, mas é a parte que se foca em expressar emoções, ideias e percepções de forma criativa
Ela pode ser uma pintura que provoca reflexão, uma peça de teatro que abre portas para o pensamento crítico ou social, uma música que nos faz dançar, um filme que nos faz chorar ou uma escultura que nos faz admirar a habilidade do artista.
No contexto brasileiro, o artista e crítico Mário de Andrade destacou que “a arte deve refletir a alma do povo”, valorizando a autenticidade cultural nas criações artísticas. Em sua obra Macunaíma, Andrade explora a fusão de diferentes elementos culturais do Brasil, evidenciando como a arte pode ser uma poderosa forma de expressão das identidades locais.
Cecília Meireles, poetisa e crítica literária, também traz uma perspectiva profunda sobre a arte. Ela dizia que “a arte não é um espelho para refletir o mundo, mas um martelo para moldá-lo”, sugerindo que, mais do que imitar a realidade, a arte tem o poder de transformá-la.
Esse pensamento reforça a ideia de que a arte, ao mesmo tempo que é fruto da cultura, também a influência e redefine constantemente. A arte nasce da cultura, é uma manifestação dela. E, ao mesmo tempo, a arte tem o poder de influenciar e transformar a cultura, introduzindo novas ideias e formas de ver o mundo.
A pintura de uma cena do cotidiano pode, ao mesmo tempo, ser uma obra de arte e um documento cultural, preservando para a posteridade como vivíamos, como nos vestíamos e o que nos era importante.
A arte e a cultura são instrumentos vitais de resistência e afirmação da identidade, especialmente em sociedades marcadas por desigualdades.
Essa visão é particularmente relevante no Brasil, onde manifestações artísticas como o samba, a capoeira e o funk são formas de expressão cultural e social, refletindo as lutas e as alegrias das comunidades de onde surgiram.
Assim, as diferenças entre cultura e arte nos permite apreciar melhor a riqueza que cada uma traz para nossas vidas. Cultura é o pano liso e a arte é o bordado colorido nesse tecido, destacando nossas emoções, nossas ideias e nossa criatividade.
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Por Márcio Wesley – Jornalista | MBA em Comunicação e Semiótica | Lincenciado em artes
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