O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou nesta terça-feira que os exercícios navais “Oceano 2024”, com a participação da China, são os maiores desde a queda da União Soviética. Em um discurso, Putin fez ameaças aos Estados Unidos e seus aliados no Pacífico e no Ártico.
“Realizamos pela primeira vez em três décadas exercícios dessa magnitude no mar”, disse Putin em uma mensagem por vídeo aos participantes das manobras.
Os exercícios soviéticos “Oceano”, considerados os maiores da história na época, não eram realizados desde a chegada ao poder, em 1985, do último líder soviético, Mikhail Gorbachev.
Putin destacou que a Marinha e a Força Aérea chinesas estão participando com quatro navios – três de guerra e um de suprimentos – e quinze aeronaves.
Na fase ativa das manobras, que russos e chineses iniciaram na terça-feira no Mar do Japão, os militares desenvolverão missões “o mais próximo possível de missões de combate”, utilizando armamento de alta precisão.
“A Rússia deve estar preparada para qualquer evolução da situação. Nossas Forças Armadas garantem uma defesa confiável da soberania e dos interesses nacionais da Rússia, e devem repelir qualquer possível agressão militar em qualquer direção”, declarou.
Um total de 15 países foram convidados a observar os exercícios, segundo Putin, sem nomeá-los.
“Estamos dando especial atenção ao fortalecimento da cooperação militar com países amigos. Hoje, no contexto das crescentes tensões geopolíticas no mundo, isso é especialmente importante”, acrescentou.
Ameaça aos EUA e seus aliados
Putin mencionou os Estados Unidos cinco vezes em seu discurso de apenas cinco minutos, acusando o país de querer manter “a qualquer custo” sua hegemonia global, tanto militar quanto política.
“Utilizando a Ucrânia, eles buscam impor uma derrota estratégica ao nosso país”, afirmou.
Além disso, Putin disse que, sob a justificativa da suposta ameaça representada pela Rússia e pela contenção da China, “os Estados Unidos e seus aliados estão aumentando sua presença militar perto das fronteiras ocidentais da Rússia, no Ártico e na região da Ásia-Pacífico”.
Em relação a essa região, Putin criticou Washington por “alterar o equilíbrio de forças”, planejar o lançamento de mísseis de curto e médio alcance, e provocar “praticamente uma corrida armamentista, ignorando a segurança de seus aliados europeus e asiáticos”.
Nos exercícios “Oceano 2024”, que ocorrerão até o dia 16 nos oceanos Pacífico e Glacial Ártico, e nos mares Mediterrâneo, Báltico e Cáspio, participarão mais de 400 navios, incluindo submarinos e embarcações de apoio, mais de 120 aeronaves e mais de 90.000 militares.
O código “Okean” foi usado na época da União Soviética para designar exercícios realizados pela sua Marinha em 1970, 1975, 1977, 1983 e 1985, que foram considerados os maiores da história.
Analistas veem esses exercícios como uma resposta do eixo russo-chinês à OTAN, que iniciou na segunda-feira, na Alemanha, uma série de manobras militares que, nos próximos meses, ocorrerão perto das fronteiras russas, incluindo a Finlândia, novo membro da Aliança, Eslováquia e Letônia.
Rússia e China, junto com outros críticos dos EUA, como o Irã, alinharam suas políticas externas para desafiar e potencialmente derrubar a ordem democrática liberal liderada pelo Ocidente.
Com essas manobras conjuntas, a Rússia busca a ajuda da China para alcançar seu antigo objetivo de se tornar uma potência no Pacífico, enquanto Moscou apoia as reivindicações territoriais chinesas no Mar do Sul da China e em outras áreas.
O ministro da Defesa russo, Andrei Belousov, declarou que os exercícios têm o objetivo de treinar a “rejeição de agressão em grande escala de um inimigo potencial a partir de direções oceânicas, combater embarcações e veículos aéreos não tripulados, defender bases navais, realizar operações anfíbias e escoltar transportes”.