PT e Centrão se mobilizam por preocupação com avanço de Moro, diz deputado

O fato de o PT e o Centrão se mobilizarem conforme o jornal Valor, para tentar barrar a candidatura presidencial de Sergio Moro mostra preocupação com o potencial de crescimento do ex-juiz da Lava-Jato nas pesquisas, diz o deputado Júnior Bozzela (PSL-SP). Moro tem cerca de 10% das intenções de votos, segundo os últimos levantamentos estatísticos. Ele segue em terceiro lugar, atrás de Jair Bolsonaro (PL) e de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que aparece na frente nas pesquisas.

“Ninguém chuta cachorro morto. Isso mostra que os outros candidatos [Lula e Bolsonaro] vão voltar sua artilharia para ele, que é o alvo principal da eleição. Tende a demonstrar que ele vai crescer e que isso está deixando preocupados os candidatos que mais desejam a manutenção do atual ambiente de polarização entre Lula e Bolsonaro”, afirma o parlamentar.

Segundo Bozzela, o fato de a candidatura de Moro se tornar alvo dos rivais é um fator positivo para o processo de migração de partido pelo qual o ex-juiz pode passar. Moro pode deixar o Podemos, ao qual se filiou em novembro, em direção ao União Brasil, legenda que surgirá com a junção de PSL e DEM e se converterá no maior partido do país, com direito aos maiores fundos eleitoral e partidário entre todas as siglas.

“Essa artilharia dá ainda mais sentimento de crescimento da candidatura do Moro, até porque as acusações não têm respaldo nenhum. E para a gente isso é bom, vai vitimizar o Moro, faz a separação do joio do trigo, separa os homens de bem dos bandidos, os de currículo e os de ficha-corrida e se expõe para a sociedade o verdadeiro status quo disso tudo. O bolsopetismo mais o Centrão estão se articulando para enterrar o combate à corrupção e tentar de alguma forma inverter os valores com relação à pauta de combate à corrupção”, afirma Bozzela.

O PT e parte do Centrão querem que Moro seja investigado em uma CPI por conta da atuação do ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro na iniciativa privada. Moro atuou como consultor da Alvarez & Marsal, responsável por recuperações judiciais de empreiteiras que foram alvos do Petrolão, caso da Odebrecht. Na segunda-feira, a Alvarez & Marsal divulgou comunicado afirmando que Moro não atuou em processos relacionados à Operação Lava-Jato durante sua passagem pela consultoria.

“Para a gente é ótimo, porque com isso ele cresce e para o partido que quer filiar o Moro é importante. A gente vai ter um candidato competitivo e ele, por outro lado, vai estar em um partido que vai dar respaldo para isso tudo, vai dar um alicerce e uma blindagem política maior ainda do que ele teria em outro partido”, diz Bozzela.

Segundo o deputado, estão avançadas as conversas para Moro trocar o Podemos pelo União Brasil. “Olha, a gente tem trabalhado nessa direção. A gente gerou um ambiente mais confortável entre as duas siglas [Podemos e UB] e aí vem essa questão de a gente de repente ter o Moro no UB para potencializar ainda mais a pré-candidatura e a candidatura para vencer a polarização. Pode ser um imã importante para atrair outras forças do polo democrático, presidenciáveis e outros partidos que estão neste nicho da terceira via.”

“Está evoluindo bem, a [deputada federal] Renata [Abreu (SP), presidente do Podemos] tem demonstrado um desprendimento, um entendimento muito grande de que é um projeto único, coletivo, entre os partidos mais a candidatura do Moro, e eu acho que a tendência é que dê certo. Todo mundo que discute terceira via quer vencer a polarização e você tem o melhor candidato e o melhor partido, se a gente não conseguir exercitar esse debate e unir essas pontas, a gente também não estaria habilitado para praticar esse exercício de enfrentar os arroubos autoritários do Bolsonaro. E foi pelo que a gente se uniu em 2021. E agora é o veredicto final e a gente tem de por em prática todo o discurso que a gente estabeleceu no ano passado”, afirma Bozzela.