A comissão executiva do PSDB de São Paulo homologou, neste último domingo (21), a candidatura do vice-governador do estado, Rodrigo Garcia (PSDB), ao Palácio dos Bandeirantes em 2022.
A homologação ocorre em meio às prévias presidenciais do partido, que também ocorrem neste domingo, para decisão entre os governadores João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS). Com o xadrez eleitoral dos estados em formação, a candidatura de Garcia impacta ainda a eventual filiação do presidente Jair Bolsonaro ao PL, partido aliado dos tucanos em São Paulo.
Doria escolheu Garcia como seu sucessor e o filiou ao PSDB em maio, abrindo uma crise com o comando do DEM, antigo partido do vice. A filiação interrompeu os planos do ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), que pretendia concorrer mais uma vez ao Governo de São Paulo como tucano.
O PSDB de São Paulo sugeriu que Alckmin fosse candidato ao Senado, o que ele não topou. O diretório chegou a abrir inscrição para prévias entre ele e Garcia, mas apenas o vice se inscreveu. A votação seria neste domingo -sem outros concorrentes, haverá apenas a homologação formal.
A avaliação do ex-governador foi a de que não conseguiria bater Garcia na eleição interna, considerando que o vice tem a seu favor as máquinas do PSDB-SP e do governo, do qual é uma espécie de gerente. As finanças e os projetos do Palácio dos Bandeirantes passam pelo vice, que exerce a função de secretário de Governo.
Presente no evento das prévias presidenciais em Brasília, Garcia confirmou que sua candidatura foi homologada, mas não quis fazer comentários.
Desde meados do ano, Garcia vestiu o figurino de candidato e passou a percorrer o estado fazendo entregas e inaugurações. Também intensificou sua interação nas redes sociais e promoveu encontros regionais com filiados do PSDB -tanto para se apresentar como para promover Doria nas prévias nacionais.
Alckmin, então, abriu conversas com outras siglas para viabilizar sua candidatura -teve propostas de PSD, União Brasil (DEM e PSL) e PSB- e chegou a admitir que deixaria o PSDB. A saída, no entanto, foi postergada para após as prévias presidenciais.
Agora desafeto de Doria depois de ver as portas fechadas no partido que ajudou a fundar, Alckmin passou a trabalhar pela eleição de Leite na disputa interna. O ex-governador se cadastrou para votar no gaúcho (seu voto como ex-presidente do PSDB tem peso na eleição indireta), mas não fez declaração de apoio pública.
A participação de Alckmin nas prévias, mesmo tendo declarado que deixará o PSDB, incomodou aliados de Doria. Nos últimos dias, porém, o ex-governador passou a admitir a aliados que, se Leite sair vencedor do pleito, pode reconsiderar a decisão e permanecer no partido.
O governador gaúcho afirma que, se vencer as prévias, vai trabalhar para convencer Alckmin a não se desfiliar. O ex-governador tucano também é sondado para compor a chapa com o ex-presidente Lula (PT), como candidato a vice, algo que não é bem visto entre seus eleitores paulistas, cujo perfil é antipetista.
A homologação de Garcia fecha o espaço para candidatura de Alckmin, mas também impede que Doria se lance à reeleição caso perca as prévias. Tucanos paulistas afirmam, no entanto, que o governador nunca teve a intenção de concorrer a reeleição, tanto que trabalhou pela oficialização da candidatura do vice neste domingo.
A candidatura de Garcia também está no centro da negociação entre o PL de Valdemar Costa Neto e Bolsonaro. A filiação chegou a ser acertada e marcada, mas as conversas retrocederam -o presidente quer carta branca para lançar aliados pelo partido ao Governo de São Paulo.
O PL paulista, contudo, faz parte da base de governo de Doria, rival de Bolsonaro, e iria apoiar a candidatura de Garcia. Costa Neto busca saídas diante do impasse.
Uma solução ventilada seria filiar Garcia ao PL e fazer dele o palanque de Bolsonaro no estado -hipótese que ganha força se Doria perder as prévias. Por isso, o presidente foi aconselhado a esperar o resultado da eleição interna tucana antes de tomar decisões sobre sua filiação.