O ex-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz se filiou neste último domingo (13) ao PSD e, no mesmo ato, foi lançado pelo partido para concorrer ao governo do Rio. O anúncio foi feito após uma reunião entre as principais lideranças da sigla, como o ex-ministro Gilberto Kassab (SP) e o prefeito carioca, Eduardo Paes (RJ).
Filho de Fernando Santa Cruz, que desapareceu depois de ser preso pelo regime militar em 1974, Felipe enfrenta o presidente Jair Bolsonaro (PL) pelo menos desde 2016. Quando presidiu a OAB no Rio, Santa Cruz pediu a cassação do então deputado Bolsonaro devido à exaltação ao coronel Ustra, condenado por tortura durante a ditadura, na sessão de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Os conflitos continuaram quando Bolsonaro e Santa Cruz alcançaram, em 2019, as presidências da República e da OAB nacional, respectivamente.
Em julho daquele ano, Bolsonaro falou a seus apoiadores que poderia informar Santa Cruz, se ele quisesse, sobre como o pai despareceu na ditadura. A briga chegou até o STF (Supremo Tribunal Federal). O pai, Fernando, desapareceu após ser preso por agentes da ditadura no Rio e levado para São Paulo. À época, Felipe tinha dois anos.
Durante o período em que esteve à frente da OAB, Santa Cruz também teve atritos com o então ministro da Justiça Sergio Moro, que ainda não havia rompido com Bolsonaro.
Na ocasião, o advogado criticou Moro por ter, supostamente, avisado autoridades vítimas de hackers presos de que o material seria destruído, em nome da privacidade. Sanra Cruz chamou o ex-juiz federal de “chefe de quadrilha” e, mais tarde, se desculpou e negou ter a intenção de ofendê-lo.
Próximo de completar 50 anos, Santa Cruz já havia tentado, em 2004, conquistar uma cadeira de vereador na cidade do Rio, mas não se elegeu. Ele já vinha sido cortejado desde o ano passado, especialmente por Paes, para concorrer ao Executivo fluminense pelo PSD.
Ele já havia adiantado em fevereiro, em entrevista ao UOL News, que seria candidato. Ele se disse preparado para assumir o governo do Rio, mas reconheceu que a tarefa seria um desafio. “Eu tenho 15 anos de gestão na maior entidade de classe do mundo. Eu sou um gestor, não um gestor com experiência nesse cargo público [como político], mas um gestor com experiência de gestão profunda”, afirmou.