O interesse pela política pode começar na infância. A estudante Aline Priscila Postai, de 17 anos, começou a aprender sobre o funcionamento do Legislativo aos 11 anos, quando foi a representante da sua escola no Projeto Vereador Mirim, em Florianópolis, onde vive.
“Fizemos sessões na Câmara, apresentando nossos projetos para melhoria dos colégios, e viajamos para a Assembleia de Santa Catarina para conhecer os deputados”, disse a jovem ao Estadão. Ela disse ainda, que, neste ano, decidiu participar de um curso de formação política oferecido pela sua escola. A motivação, segundo ela, foi o fato de mulheres serem pouco valorizadas na política.
“Ao votar, posso eleger pessoas que se importam com a gente. O voto é um direito e uma conquista nossa que demorou anos para ser concretizado”, afirmou Aline.
Já a estudante Marina Giannini, de 16 anos, começou a se interessar por política ao assistir a uma série de vídeos sobre o tema no YouTube. Marina, que vai às urnas pela primeira vez em 2020, disse acreditar que o ato de votar funciona como uma porta para que os cidadãos se envolvam mais com a política. “Só fui pesquisar o que cada cargo faz por conta deste momento de eleições”, afirmou a jovem.
Embora possam ajudar o eleitor a levantar informações sobre candidatos, as redes sociais precisam ser acessadas com responsabilidade, segundo Cláudio Ferraz, professor de Economia Política da University of British Columbia, no Canadá, e também da PUC-Rio. “Propaganda (eleitoral) por Facebook, por exemplo, pode ajudar candidatos novos e com menos recursos partidários. Por outro lado, permite que os próprios candidatos digam coisas que podem não ser verdade, e é difícil controlar isso”, disse o professor.
Segundo ele, o voto bem informado pode ajudar até no combate à corrupção. “Temos bastante evidência empírica de que informação ajuda eleitores a votar melhor. Informação sobre corrupção, por exemplo, ajuda eleitores a punirem nas urnas políticos corruptos”, afirmou Ferraz, que tem pesquisas sobre o assunto publicadas em plataformas acadêmicas.
Enquanto alguns eleitores vão às urnas pela primeira vez, outros podem querer distância das aglomerações do dia da votação. A pandemia do novo coronavírus deve elevar as abstenções nas eleições deste ano, especialmente entre os idosos, observou o cientista político Humberto Dantas.
“Pode haver anistia por parte da Justiça Eleitoral aos faltosos, mas o voto foi mantido compulsório. O que pode haver é uma ausência recorde de idosos, sobretudo acima dos 70 anos”, disse o cientista político.