No Recôncavo da Bahia, a fumaça que envolve a carne não é apenas técnica de conservação, mas um traço cultural profundo e marcante. Agora, a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) deu um passo importante para oficializar a relevância da carne de fumeiro produzida na região ao declarar o produto como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado, através de projeto de lei apresentado pelo deputado estadual Eduardo Salles (PP).
A iniciativa, conforme explicou o deputado, busca preservar o saber-fazer transmitido por gerações de produtores locais, sobretudo de Maragogipe, cidade que, em 2015, tornou-se pioneira no país ao estruturar uma indústria especializada no beneficiamento da carne de fumeiro.
“Hoje, cerca de 500 pessoas atuam diretamente na produção do fumeiro e seus derivados, empregando a técnica tradicional do moquém — defumação a lenha — que remonta aos costumes ancestrais de preservação dos alimentos”, contou o deputado, na justificativa do documento.
Conforme dados da Secretaria de Agricultura (Seagri), a produção mensal de carne de fumeiro em Maragogipe alcança entre 20 e 30 toneladas, abastecendo não apenas o mercado local, mas também outros estados e até mercados internacionais. O produto, lembrou Sales, é consumido em pratos típicos da região, como a feijoada e a moqueca, e encontra-se à venda em feiras e centros de abastecimento.
“A aprovação do projeto pretende proteger e valorizar o legado cultural que envolve a carne de fumeiro, garantindo que as gerações futuras mantenham viva essa prática que, além de sustentar a economia local, reflete a identidade e o orgulho de Maragogipe e do Recôncavo”, argumentou o parlamentar. O título de patrimônio cultural, concluiu ele, traz ainda perspectivas de fortalecimento do turismo e do desenvolvimento sustentável da região.