O projeto da Energy Fuels, uma multinacional norte-americana que adquiriu segundo Donaldson Gomes, do Farol Econômico, 17 direitos minerários no Brasil, todos na Bahia, foi um dos destaques no painel sobre minerais críticos e estratégicos na Exposibram 2024, em Belo Horizonte.
A diretora de comunidades, relações governamentais, institucionais e jurídica, Carolina Sampaio Batista, destacou o papel que o Brasil pode desempenhar no fornecimento dos materiais necessários para a transição energética. Em fase de consolidação dos números de recursos e reservas, a Energy Fuels espera produzir no Projeto Bahia – em áreas que englobam os municípios de Prado, Alcobaça e Caravelas – minerais como tório, lantânio e cério, cruciais para a transição energética. As terras raras (ETR) são elementos essenciais em produtos como monitores de TV, baterias de carros elétricos e equipamentos para a produção de energia. A corrida pelos minerais estratégiso deve movimentar, em todo o mundo, o equivalente a R$ 1,2 trilhão, algo em torno de 20% do Produto Interno Bruto, de acordo com dados da Agência Internacional de Energia. O abastecimento deste mercado pode render um acréscimo de receitas de até R$ 125 bilhões aos cofres dos países ricos nos recursos necessários.
Tem grafita também
Após o início da construção de uma planta de demonstração para o beneficiamento da grafita, em Itagimirim, na Bahia, a Graphcoa avança em sua estruturação com a escolha de um novo executivo para cuidar do projeto. Ricardo Alves foi nomeado como novo diretor executivo do Appian Capital Brazil, fundo de investimento privado especializado em mineração e controlador da Graphcoa. Como já noticiado aqui, o fundo está investindo R$ 350 milhões na mina Boa sorte, para uma produção inicial de 5,5 toneladas por ano. A expectativa é que a empresa se torne uma das principais produtoras de grafita no Brasil e seja capaz de fornecer material para a produção de ânodos de grafite e suprir a demanda das grandes fabricantes de baterias de veículos elétricos no país e no mundo. No pico de obras, são esperados 300 postos de trabalho diretos.
O investimento na Graphcoa e construção da planta para produção de concentrado de grafite também posicionam o Brasil – que possui aproximadamente 26% das reservas mundiais de grafite – como um ator cada vez mais relevante na transição energética e no desenvolvimento econômico sustentável. No primeiro trimestre de 2025, o concentrado de grafite será submetido para avaliação da qualidade por clientes estratégicos e o potencial definitivo da escala de produção da planta será identificado antes da construção do empreendimento em seu porte final. Com isso, estima-se que a Graphcoa poderá ter sua capacidade total de produção ampliada de 5,5 mil toneladas anuais para até 25,5 mil toneladas anuais de grafita, com potencial para aumentar a produção por meio de outros projetos do portfólio. Caso os estudos confirmem a viabilidade da expansão do empreendimento, os investimentos para a extração de grafita podem chegar até a R$ 1,5 bilhão.