O Google anunciou que vai proibir anúncios políticos no Brasil a partir de maio. O modelo de publicidade suspenso foi amplamente utilizado em campanhas nos últimos anos. Segundo levantamento do jornal O Globo, Jair Bolsonaro (PL) gastou R$ 28,7 milhões com peças deste tipo durante as eleições de 2022, valor que supera o montante gasto pelo presidente Lula da Silva (PT), que desembolsou R$ 22,8 milhões.
No total, foram 53.482 anúncios políticos veiculados nas plataformas da big tech entre o início de 2022 e a data do segundo turno da eleição presidencial.
Em 2020, ano em que as eleições foram marcadas pelo curto período de campanha e pelas restrições impostas pela pandemia, os candidatos gastaram R$ 36 milhões em impulsionamento de conteúdos na internet. Os maiores valores foram gastos com três empresas: Facebook, que também administra o Instagram; Adyen, fintech responsável pelo sistema de pagamentos da plataforma, e o próprio Google.
A decisão do Google ocorre após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) atualizar as regras para impulsionamento de propaganda. Na avaliação de especialistas, a decisão expõe a indisposição de plataformas digitais com a moderação de conteúdo e, assim, evitar responsabilização. Há incerteza, no entanto, sobre o impacto no mercado de anúncios eleitorais no país com tal medida.
A resolução 23.732, aprovada pela Corte em fevereiro, traz uma definição de “conteúdo político-eleitoral” considerada ampla demais pelo Google. Para o TSE, esse tipo de propaganda é toda aquela que “versar sobre eleições, partidos políticos, federações e coligações, cargos eletivos, pessoas detentoras de cargos eletivos, pessoas candidatas, propostas de governo, projetos de lei, exercício do direito ao voto e de outros direitos políticos ou matérias relacionadas ao processo eleitoral”.
O Google avalia que seria inviável moderar tantos anúncios numa eleição que ocorrerá em mais de 5 mil municípios. Também teme que a amplitude do conceito traga insegurança para a moderação.