O potencial do Nordeste para a produção de hidrogênio verde, considerado o combustível do futuro, foi tema das reuniões bilaterais entre os representantes da Sudene e do Consórcio Nordeste e investidores durante o World Hydrogen Summit & Exhibition nesta última segunda-feira (13).
Um dos aspectos abordados foi a infraestrutura logística para fomentar a cadeia de valor na região. Para a distribuição da produção e o aproveitamento das potencialidades da região, será necessário a construção e requalificação de gasodutos e da malha ferroviária.
A produção do hidrogênio verde precisa da união de fontes de energias limpas, como eólica e solar. O Nordeste hoje é responsável pela produção de 80% da energia renovável do Brasil, com possibilidade de ampliação. Tem a maior concentração de parques eólicos do mundo, com 90% dos parques em funcionamento do país instalados na região (são 948 usinas). Conta com 59% das usinas de produção de energia solar fotovoltaica do país. Vale destacar que 67% dos projetos de geração eólica e solar em construção no Brasil estão no Nordeste. E há espaço para novos investimentos na região.
“O cenário aponta que o futuro da transição energética do mundo está no Brasil, especialmente no Nordeste. Nós, então, precisamos estar preparados para aproveitar as oportunidades, absorver esses investimentos e aumentar a competitividade da região”, afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral, durante uma das reuniões realizadas no evento. O gestor destacou as ações do governo federal, a partir do Novo PAC, para a infraestrutura. “Nós temos nove portos, uma extensa malha rodoviária, gasodutos e estamos em processo de requalificação das ferrovias, com a construção da Transnordestina, que conta com recursos da Sudene, e de outras linhas férreas como a Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste)”, citou Danilo Cabral.
Existem três ferrovias em operação no Nordeste – a Ferrovia Teresina-Fortaleza, a Centro-Atlântica e a Estrada de Ferro Carajás. Estão em construção mais duas – Transnordestina Logística, de Eliseu Martins (PI) até o Porto de Pecém (CE) e a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), de lhéus (BA) a Figueirópolis (TO). E existem mais duas em planejamento, a Transnordestina, de Salgueiro até o Porto de Suape, em Pernambuco, e a Litorânea. “É ativo importante porque além da produção do hidrogênio, poderá escoar derivações, como a amônia, fertilizantes”, explicou Danilo Cabral.
Ainda na área de infraestrutura, o Nordeste tem uma ampla malha de gasodutos cobrindo o litoral, mas há necessidade de interiorização a partir da demanda do setor privado, além de mais de 30 aeroportos. “E temos a transição energética como prioridade da Nova Política Industrial, financiamento para investimentos, com instrumentos inclusive da Sudene, como o FDNE e o FNE, foco em programas de pesquisa e desenvolvimento. Faz parte dessa estratégia, por exemplo, disseminar plantas de hidrogênio verde no país e o Nordeste larga na frente, com sete plantas já em desenvolvimento nos estados do Maranhão, Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Bahia, Pernambuco e Sergipe, com capacidade de gerar 11 milhões de toneladas de hidrogênio verde por ano”, destacou o superintendente.
A participação da Sudene e Consórcio Nordeste no World Hydrogen Summit faz parte da missão internacional realizada por esses entes juntamente com a ApexBrasil até o próximo dia 18. As delegações ainda seguirão para Bruxelas, na Bélgica, e Berlim, na Alemanha, onde se reunirão com membros da Comissão da União Europeia, incluindo o vice-presidente executivo e responsável pelo Pacto Verde Europeu, Maroš Šefčovič, para debater pautas ambientais de relevância para todo Nordeste e Brasil. Integram a missão os governadores Fátima Bezerra (RN), presidente do Consórcio Nordeste, Elmano Freitas (CE), Fábio Mitidieri (SE), Jerônimo Rodrigues (BA), Paulo Dantas (AL), Rafael Fonteles (PI), além de suas equipes.
Hidrogênio verde
O hidrogênio de baixo carbono aparece como uma das soluções tecnológicas consideradas nos cenários de neutralidade de carbono até 2050 propostos para o Brasil, sinalizando algumas oportunidades para a criação de demanda doméstica para o seu uso como vetor energético. É também tem sido visto como uma solução relevante para a descarbonização da indústria, nos setores hard-to-abate (aqueles que resistem à descarbonização). No Brasil, os segmentos de metalurgia e cimento foram responsáveis por 52% das emissões de GEE do setor industrial brasileiro.
É obtido por meio da eletrólise da água, utilizando energia limpa e renovável, sem emissões de CO2. Esse processo separa hidrogênio e oxigênio da água através de corrente elétrica, exigindo fontes limpas como solar, hídrica ou eólica. Pode ser usado para armazenar energia renovável em períodos de alta produção e baixa demanda elétrica, além de contar com uma alta demanda do mercado externo, especialmente da Europa.