As declarações do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de que chegou a articular um plano para matar o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes em 2017 geraram forte repúdio dentro do Ministério Público Federal (MPF).
As revelações de Janot foram publicadas nesta última quinta-feira (26) no site da Veja e do Estadão, uma semana antes de o ex-procurador lançar um livro sobre seu trabalho à frente da Procuradoria Geral da República (PGR).
“Surpreso! Chocado com a conduta. Lamentável! Reprovável!”, respondeu um sub-procurador à BBC News Brasil, ao ser questionado por WhatsApp pela reportagem sobre as revelações de Janot.
“Isso não é conduta que se espere de um membro do MPF”, acrescentou ainda, ao pedir que seu nome fosse preservado.
Segundo outro alto integrante do Ministério Público Federal ouvido pela reportagem, as manifestações em grupos de mensagens de procuradores eram “todas de repúdio” às falas de Janot.
Na sua avaliação, as declarações foram “um horror” e “uma falta de consideração com a carreira, uma autodesconstrução”.
Ele destacou ainda o momento inoportuno, já que a categoria acaba de enfrentar a aprovação no Congresso da nova lei de abuso de autoridade. “Uma exposição indevida do MPF nesse momento. Estamos todos estarrecidos. As expressões (nos grupos de procuradores) vão de insensatez à ingratidão passando por desconsideração pelos ex-colegas e pelo MPF”, contou.
Nos grupos de procuradores, alguns ainda sugeriram que as declarações visavam “vender livros”, conforme avaliou um terceiro integrante do MPF ouvido pela reportagem.