Presidente dos Correios afirma que desestatização pode transformar a estatal em uma empresa moderna; greve, que já dura um mês, continua
O presidente dos Correios, Floriano Peixoto, defende a desestatização da empresa e abraça as palavras do ministro das Comunicações, Fabio Faria, que declarou na última quarta, dia 16, que a venda da estatal é uma “certeza”. “Nós iremos privatizar os Correios. Eu vou conversar pessoalmente com os parlamentares e líderes do Congresso”, afirmou o ministro. Peixoto disse em entrevista a revista Exame, que o processo de desestatização já está em andamento. Em greve há um mês, a estatal enfrenta o descontentamento da população — 40% dos brasileiros são favoráveis à privatização, segundo pesquisa EXAME/IDEIA. Veja, a seguir, os principais trechos da entrevista.
Qual é a opinião do senhor sobre a posição do governo, expressada pelo ministro Fábio Faria, de que a privatização dos Correios será certamente encaminhada ao Congresso?
Concordo plenamente. As palavras do ministro refletem o posicionamento do governo e, principalmente, a opinião da sociedade. É preciso transformar os Correios em uma empresa moderna, eficiente e que respeite o consumidor.
Como está o processo de desestatização?
O processo já está em andamento. A consultoria contratada para realizar os estudos sobre a empresa entregará, até novembro deste ano, a primeira parte do trabalho. Essa fase dos estudos inclui, entre outras providências, o envio de proposta de projeto de lei ao Congresso. Lá, os parlamentares apreciarão questões particulares da empresa considerando seu caráter como prestadora de serviço universal, bem como outras especificidades dos segmentos de atuação dos Correios.
No seu entender, quais ganhos a privatização poderá trazer ao sistema de logística de entrega brasileiro e à modernização do serviço?
Quando comparados a empresas de natureza privada, os Correios, enquanto estatal, estão submetidos a muitas amarras que prejudicam sua competitividade. Devemos cosiderar, ainda, as consequências da má gestão praticada pelas administrações anteriores, que deixaram um passivo de 2,4 bilhões de reais a saldar e, como resultado, afetaram a capacidade de investimento da empresa.
Dessa forma, quaisquer alternativas que venham a extinguir (ou ao menos aliviar) essas amarras tornarão a empresa mais ágil, moderna e eficiente, algo muito difícil nas atuais condições. Em outras palavras, é preciso aproveitar melhor a experiência logística consolidada e a capilaridade dos Correios, ativos muito valiosos para continuarem subaproveitados.
A greve dos Correios, que já dura um mês, será julgada pelo Tribunal Superior do Trabalho na próxima segunda, dia 21. Qual é a sua expectativa em relação ao julgamento?
A expectativa é de que a justiça do trabalho encontre uma opção que possa definir a situação. É preciso colocar um fim a essa paralisação que, embora não conte com adesão majoritária dos empregados, tem trazido enormes prejuízos à empresa e sociedade. Lembremos que o momento exige a união de todos os esforços para minimizar os impactos da pandemia da covid-19. Portanto, essa falta de consciência de uma minoria de empregados remete, infelizmente, ao tema da sua pergunta anterior, relativa à privatização. Essa postura de desconsideração e falta de comprometimento, já abominável no contexto público, não ocorreria em uma empresa privada ou de economia mista.