Conforme o colunista Josias de Souza, do UOL, a chegada dos xiitas do bolsonarismo ao cárcere deflagrou um movimento que tem potencial para revolucionar o sistema prisional brasileiro. Os membros da falange do capitão se queixam das condições carcerárias. Reivindicam coisas como acesso à internet, água gelada, quentinha gourmet, fluidos para limpar lentes de contato, o diabo. Querem celas confortáveis, sem superlotação.
Mais do que respeito aos direitos humanos, os talibãs de Bolsonaro exigem ser tratados com carinho. Levando a experiência às últimas consequências, o país poderia obter o que parecia impossível: a humanização dos presídios. Parece um objetivo utópico. Mas sempre é possível obter avanços intermediários.
Pode-se planejar, por exemplo, o lançamento de um programa de ressocialização de presos viciados em cinismo. A discussão sobre a conveniência de “humanizar” as prisões é coisa do século 18. A constatação de que é necessário “ressocializar” criminosos vem do final do século 19. Embora chegue ao debate com atraso de mais de um século, o bolsonarismo arcaico é bem-vindo à civilização.
Bolsonaro já classificou direitos humanos como “esterco da vagabundagem”. A precariedade de sua condição judicial talvez leve o capitão a lapidar certos conceitos. Até a semana passada, cadeia no Brasil era ambiente para a clientela dos três pês: pobres, pretos e putas. A prisão dos patriotas parvos, ainda que temporária, oferece uma oportunidade para a reflexão sobre a conveniência de retirar o sistema carcerário brasileiro da Era medieval.