A operadora cresceu significativamente na pandemia. Em 2020, o faturamento líquido alcançou R$ 4,3 bilhões, contra R$ 3,6 bilhões em 2019. No fim do ano passado, eram 505.192 clientes. Hoje, são 540.623, conforme os dados mais atualizados, de junho, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
A empresa, que inaugurou o primeiro hospital de sua rede em 1997, enfrenta uma crise por causa da suposta oferta de tratamento precoce e do chamado “kit covid” a pacientes com suspeita ou diagnosticados com o novo coronavírus. Além disso, a empresa teria ocultado mortes em estudo de baixa qualidade usado para disseminar a narrativa de que a hidroxicloroquina e o próprio tratamento precoce seriam eficazes contra a doença. O presidente Jair Bolsonaro chegou a citar tal estudo para defender o uso do medicamento.
Os primeiros pacientes com a covid-19 no Brasil foram atendidos no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Trata-se da principal rede hospitalar da Prevent. A primeira morte reportada no País também ocorreu na unidade.
De acordo com dossiê elaborado por médicos da Prevent e encaminhado à CPI, com o avanço da pandemia, a operadora disseminou tratamentos com remédios ineficazes em uma estratégia para conter custos e que acabou usada para reforçar o discurso “pró-cloroquina” de Bolsonaro. A empresa, hoje, alega que se apegava ao que poderia trazer esperança de salvar vidas. Segundo o dossiê, os médicos receitaram o “kit covid” mesmo para pacientes não testados e sem sintomas graves.
A cúpula da companhia atribuía abertamente a recuperação de seus pacientes a medicamentos que não funcionam contra a covid, como a hidroxicloroquina. Em uma entrevista, Pedro Benedito Batista Jr, diretor-executivo da empresa, afirmou que “entre os dias zero e três da contaminação, a cloroquina evita a internação em 95% dos casos”. Atualmente, há diversos estudos assegurando que a droga não funciona para nenhum tipo de paciente com a covid. A Organização Mundial de Saúde, inclusive, atestou que a hidroxicloroquina é contra-indicada para combater a doença.
Batista Jr presta depoimento à CPI da Covid desde a manhã desta quarta-feira, 22. Ele negou que a operadora tenha cometido qualquer irregularidade e não se pronunciou sobre dados relativos a qualquer paciente específico. Na tentativa de desmontar os argumentos que embasam sua convocação, ele declarou ainda que dois médicos que faziam parte dos quadros da Prevent Senior, mas que foram desligados em julho de 2020, “manipularam dados de uma planilha interna” para “tentar comprometer a operadora”. Segundo Batista, depois da demissão, os profissionais passaram a “acessar e editar” o arquivo com informações de pacientes. Ele classificou o dossiê entregue por médicos à CPI como uma “peça de horror produzida a partir de dados furtados de pacientes, sem nenhum autorização”.