quinta-feira 23 de janeiro de 2025
O ex-ministro e senador Marcos Pontes (PL-SP) — Foto: Cristiano Mariz/O Globo
Home / NOTÍCIAS / Pressionado, Marcos Pontes mantém candidatura à presidência do Senado: ‘Bolsonaro também já concorreu de maneira independente’
quinta-feira 23 de janeiro de 2025 às 16:10h

Pressionado, Marcos Pontes mantém candidatura à presidência do Senado: ‘Bolsonaro também já concorreu de maneira independente’

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O senador Marcos Pontes (PL-SP) reafirmou que será candidato à presidência do Senado, de maneira independente ao PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, que o cobrou publicamente e contestou a sua lealdade por não apoiar a candidatura de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) à presidência da Casa.

Lideranças do PL, como o secretário-geral do partido, o também senador Rogério Marinho (RN), ainda tentam demover o colega da ideia e dialogam para fazê-lo seguir a determinação do partido.

Pontes, entretanto, se mostra irredutível e lembra que, apesar das críticas que têm recebido, Bolsonaro também já se candidatou à presidência da Câmara à revelia do seu partido.

— Bolsonaro e Valdemar são exemplos para mim. Eles, como deputados, disputaram a candidatura à presidência da Câmara por diversas vezes, inclusive de forma independente ao partido — afirmou.

Ao todo, Bolsonaro se candidatou quatro vezes à presidência da Câmara e sempre ficou em último lugar entre os concorrentes. Apenas em 2010 o ex-mandatário conseguiu ultrapassar o número de votos branco e nulos. Pontes diz que esta postura de Bolsonaro é “exemplo” para que siga firme com a sua empreitada.

— Minha candidatura não é um ato de afronta ao partido, mas uma demonstração de comprometimento com os valores e as pautas que defendo desde que fui eleito. O próprio Bolsonaro e o Valdemar são exemplos para mim. Eles, como deputados, disputaram a candidatura à presidência da Câmara por diversas vezes, inclusive de forma independente ao partido. Não há que se falar em punição interna e nem do partido, pois isso está previsto e encontra respaldo no regimento. Os Senadores são mandatários de seus cargos. Continuo firme em minha candidatura à presidência do Senado Federal — diz.

Várias queixas de você

Bolsonaro chamou a candidatura de “lamentável” e disse que ocorria à revelia do partido. A bancada bolsonarista apoia a eleição de Alcolumbre para a presidência da Casa, por orientação do próprio Bolsonaro. O acordo prevê que o PL indique um nome para a vice-presidência.

Rogério Marinho afirma que ainda conversará com Pontes, mas reitera que eventuais punições pela insistência estão descartadas:

— O partido político nem sempre faz o que a individualidade pede. Precisamos remar juntos em torno de um objetivo. Eu ou Valdemar sequer fomos procurados pelo Pontes manifestando a vontade de se candidatar, ele não pediu autorização. Fomos surpreendidos com um discurso dele em plenário se lançando. Estamos há dois anos fora das decisões mais importantes do Congresso. Não tivemos assentos nas comissões ou relatorias importantes. Ele tem toda a autonomia de se posicionar como quer. Não há possibilidade de punição a ele por isso, mas queremos conversar sobre isso. O partido quer uma ação de solidariedade, de nobreza da parte dele. Vou pedir, Valdemar também vai tentar.

Bolsonaro tratou a candidatura como uma “ingratidão” e se dirigiu diretamente a Pontes.

— Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado lá o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Deixei de lado o Marco Feliciano para te apoiar ao Senado e esse é o pagamento? — questionou.

Em outro trecho da entrevista, Bolsonaro afirmou ser necessário “compor” para que o partido assuma postos relevantes na Mesa Diretora da Casa e tenha representatividade em discussões. Na última eleição, o PL não apoiou a candidatura de Rodrigo Pacheco (MDB-MG), perdeu, e ficou sem vagas na Mesa.

— A única forma de nós sermos algo dentro do Senado e não sermos zumbis como somos hoje é não tendo um candidato. Se não conseguimos ganhar com o Rogério Marinho (PL-RN), que é um baita articulador, não vai ser com você agora — completou Bolsonaro.

Histórico de candidaturas

A primeira vez em que Bolsonaro se candidatou foi em 2005, quando ainda integrava o PFL e cumpria seu terceiro mandato como deputado. Um racha no PT fez com que o Parlamento elegesse Severino Cavalcanti (PP-PE), maior representante do denominado “baixo clero” — bloco formado por políticos pouco expressivos, movidos basicamente por interesses pessoais, do qual Bolsonaro também fazia parte.

À época, o ex-presidente que 13 anos depois daria seu nome ao fenômeno de extrema-direita, o bolsonarismo, teve apenas dois votos. O candidato governista Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) teve 207 votos; Cavalcanti, 124; o candidato dissidente do PT Virgilio Guimarães (PT-MG) teve 117; e José Carlos Aleluia (PFL-BA) contou com 53 votos. Três deputados votaram em branco e quatro anularam. A disputa foi para o segundo turno, e Cavalcanti foi eleito com 300 dos 498 votos dos deputados.

Sete meses depois, quando Cavalcanti renunciou ao mandato após ser acusado de corrupção, Bolsonaro registrou sua candidatura ao posto mais uma vez. Porém, não teve sequer o próprio voto, já que o resultado da disputa apontou que não houve votos para ele. O candidato do governo foi Aldo Rebelo (PCdoB-SP). A oposição lançou José Thomaz Nonô (PFL-AL). Eles ficaram empatados, com 182 votos. No segundo turno, deu Rebelo, com 258 votos contra 243 de Nonô.

Em 2011, Bolsonaro, em nova candidatura ao cargo, conseguiu nove votos, seu recorde, superando os brancos (3 votos) e nulos (3). O deputado Marco Maia (PT-RS) — que ocupava a presidência da Câmara desde meados de 2010, quando Michel Temer (PMDB-SP) deixou o posto para assumir a vice-presidência da República, no mandato de Dilma Rousseff (PT) — se elegeu com 375 dos 513 votos da Casa. Ou outros concorrentes, Sandro Mabel (PR-GO) e Chico Alencar (PSOL-RJ), tiveram, respectivamente, 106 e 16 votos.

Em 2017, em nova e última tentativa, Bolsonaro, então no PSC, teve quatro votos. Poderia ter tido mais um, mas seu filho Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) estava em viagem ao exterior e não participou da eleição. A ausência rendeu uma bronca do pai, via mensagem de celular, flagrada pelo fotógrafo Lula Marques:

“Papel de filho da puta que você está fazendo comigo. Tens moral para falar do Renan (Jair Renan, outro filho de Bolsonaro, meio-irmão de Eduardo). Irresponsável. Mais ainda, compre merdas por aí. Não vou te visitar na Papuda. Se a imprensa te descobrir aí, e o que está fazendo, vão comer seu fígado e o meu. Retorne imediatamente”. Eduardo responde: “Quer me dar esporro tudo bem. Vacilo foi meu. Achei que a eleição só fosse semana que vem. Me comparar com o merda do seu filho (Jair Renan), calma lá”.

Após a divulgação da conversa, Bolsonaro e Eduardo divulgaram um vídeo juntos criticando a imprensa e falando em invasão de privacidade. Eles justificam a citação à Papuda, prisão em Brasília, dizendo que Eduardo estava na Austrália e tinha prometido comprar um fuzil para o pai. Rodrigo Maia (DEM-RJ) teve 293 votos, seguido por Jovair Arantes (PTB-GO), com 105, André Figueiredo (PDT-CE), com 59, Júlio Delgado (PSB-MG), com 28, e Luiza Erundina (PSOL-SP), com dez.

Veja também

Renan Filho: “Expectativa é passarmos de 40 leilões de concessão rodoviária até 2026”

O ministro Renan Filho, dos Transportes, participou nesta quinta-feira (23) do programa “Bom Dia, Ministro” …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!