A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), afirmou na quinta-feira (23) de acordo com Alice Cravo, do O Globo, que considerou um “erro” o voto do senador pela Bahia, Jaques Wagner (PT) a favor da PEC que limita decisões individuais no Supremo Tribunal Federal (STF). Líder do governo no Senado, Wagner liberou a bancada para a votação e foi único a acompanhar o relator do texto.
— Eu considerei o voto do Jaques um erro, e vamos tentar agora na Câmara fazer as articulações pra não deixar essa PEC prosperar — afirmou no Palácio do Planalto.
Gleisi afirmou que o partido não achava “oportuno” discutir a PEC e que o texto servia de “interesses da extrema-direita”. A deputada disse ainda que o PT “votou claro, votou contra”.
— Então nós achávamos que aquilo não era oportuno de ser discutido, e que na verdade servia aos interesses da extrema-direita que queria que a investigação sobre os atos antidemocráticos não acontecessem, não chegassem nos devidos culpados. Então nós sempre tivemos posição clara. Ontem o PT votou claro, votou contra.
Jaques Wagner afirmou nesta quinta-feira que a decisão de votar a favor do texto foi “estritamente pessoal” e que a posição do governo era não orientar voto a favor e nem contra porque “não envolve diretamente o Executivo”.
“Esclareço que meu voto na PEC que restringe decisões monocráticas do STF foi estritamente pessoal, fruto de acordo que retirou do texto qualquer possibilidade de interpretação de eventual intervenção do Legislativo. Como líder do governo, reafirmei a posição de não orientar voto, uma vez que o debate não envolve diretamente o Executivo”, disse em mensagem publicada nas redes sociais.
A proposta foi aprovada ontem por 52 favoráveis e 18 contrários. O placar foi apertado porque uma PEC precisa do apoio de no mínimo 49 senadores. A decisão de Wagner de apoiar a PEC foi mal recebida na STF. A avaliação é que, ao liberar a bancada, parlamentares da base que antes tinham se comprometido a votar contra se sentiram liberados a apoiar.
Há no Supremo quem ache que o senador perdeu as condições de ser líder do governo. O entendimento é que o senador “perdeu as condições de dialogar com o tribunal”. Dentro da bancada do PT no Senado, que orientou contra a PEC, o líder do governo foi o único a votar a favor.