Eleitor declarado de Simone Tebet, candidata do MDB à Presidência da República, o presidente da Suzano Papel e Celulose, Walter Schalka, afirma que o Brasil não pode “aguentar” mais quatro anos de polarização política e que o País precisa ser pacificado. “Não sei qual lado vai ganhar, mas vai ter uma parte significativa da população, mais de 45%, contra aquele que for eleito. Isso vai gerar uma situação de mais fricção na sociedade brasileira”, diz o executivo em entrevista exclusiva ao Broadcast Político.
A ser perguntado em quem votaria no segundo turno na eventual disputa entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), conforme as pesquisas apontam, ele manteve segredo e responde que votaria em Simone Tebet. Schalka avalia que o principal desafio do próximo governo será equilibrar as contas públicas frágeis com as diversas demandas sociais.
Broadcast Político: Como o senhor vê o atual momento político, estamos a poucos dias das eleições. O senhor assinou a Carta pela Democracia, a democracia ainda está ameaçada?
Schalka: Estou preocupado com a polarização do Brasil. Publiquei um artigo na semana passada preocupado com o terceiro turno. A eleição não termina no segundo turno. Teremos uma eleição muito disputada e que vai terminar em 53% a 47% ou 52% a 48%. Não sei qual lado vai ganhar, mas vai ter uma parte significativa da população, mais de 45%, contra aquele que for eleito. Isso vai gerar uma situação de mais fricção na sociedade brasileira. Temos que, juntos, pacificar a sociedade brasileira para construímos juntos um projeto para o futuro para 100% dos nossos cidadãs e cidadãos. Não podemos ficar mais quatro anos brigando para provar que o outro lado está errado.
Broadcast Político: O senhor vê o clima social e político do país muito acirrado, precisa mudar?
Schalka: Necessariamente. É algo que nunca teve na minha geração, na minha infância, esse processo de ruptura. Já declarei meu voto, eu voto na Simone e a minha percepção é que precisamos construir uma sociedade que olhe pelo para-brisa e não pelo retrovisor, que olhe para frente para endereçar os problemas profundos e sérios que o Brasil tem e permitir uma melhor qualidade de vida para a população como um todo. Não simplesmente mostrar o que o outro fez de errado.
Broadcast Político: Em um eventual segundo turno entre Lula e Bolsonaro, quadro apontado pelas pesquisas, o senhor tem preferência?
Schalka: Eu voto na Simone.
Broadcast Político: A candidatura de Simone Tebet é uma construção, um projeto para daqui quatro anos?
Schalka: A grande questão é a seguinte: a população brasileira aguenta mais quatro anos em uma situação de negação? Precisamos endereçar os problemas urgentes da sociedade brasileira. A educação é um problema urgente, é impostergável. A fome é um problema urgente, não dá para esperar quatro anos para resolver. Precisamos resolver imediatamente. Não dá para resolver daqui a quatro anos o problema ambiental brasileiro, é séria a questão do desmatamento ilegal da Amazônia. Precisa resolver agora. Na questão econômica, o Brasil precisa de um projeto econômico e precisa ter isso de uma forma rápida porque está perdendo competitividade global. O Brasil precisa recuperar a sua produtividade e a sua competitividade. Sou menos ligado aos candidatos, mas mais ligado ao projeto para o Brasil. Ao que nós juntos, como sociedade, almejamos.
Broadcast Político: Na sua avaliação, qual é a questão mais urgente a ser resolvida pelo próximo governante?
Walter Schalka: Temos um desafio que não é simples a partir do ano que vem, ter que equilibrar a parte de finanças públicas com a parte social do País. Estamos muito provavelmente às portas de uma recessão global, que vai afetar a economia brasileira indubitavelmente. Estamos com as finanças públicas muito debilitadas em função de todo o processo que tivemos na pandemia, de todos os subsídios e auxílios concedidos nesse período, o que elevou a dívida pública, combinada a taxas de juros elevadas. Por outro lado, temos uma população muito fragilizada no aspecto social com demandas muito relevantes de renda, educação, saúde, habitação. Esse equilíbrio é muito delicado para ser feito. Muita gente pergunta para mim se sou otimista ou pessimista em relação ao Brasil. Falo que sou reformista. Se o Brasil passar pelas reformas necessárias tem condição de sair muito forte lá na frente e com inserção geopolítica global muito expressiva.