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Eduardo Leite, governador do RS, pode se filiar ao PSD para se candidatar à Presidência da República — Foto: Maicon Hinrichsen / Palácio Piratini
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quinta-feira 4 de abril de 2024 às 14:35h

Presidenciáveis, governadores definem candidatos nas capitais e projetam 2026

ELEIÇÕES 2026, NOTÍCIAS


À espera da eleição de 2026, os governadores de direita e centro-direita que trabalham de olho na corrida presidencial moveram suas peças com o fim da janela de filiações e decidiram quem os representará nas disputas pela prefeitura das capitais de seus Estados neste ano. A vitória nessas cidades é importante segundo reportagem de Raphael Di Cunto e Marcelo Ribeiro, do Valor, para mostrar força política nacionalmente e também fortalecer seus grupos locais, com costuras e amarras já visando a próxima eleição.

A eleição municipal já foi utilizada pelos governadores do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para reforçar os laços com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), líder mais popular da direita. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), definiu seu candidato apenas na semana passada e agora busca uma composição com o PL.

Em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) escolheu uma secretária estadual para representá-lo e, pelo menos por enquanto, rivalizará com o ex-presidente na capital. Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deve usar a disputa para demarcar as diferenças com o bolsonarismo, mas está com dificuldade de encontrar um nome competitivo.

Disputa em Goiânia

Caiado cogitou vários nomes, mas no fim decidiu convidar o ex-deputado federal e atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel, para representar seu grupo na disputa pela Prefeitura de Goiânia. O empresário trocará o PL de Bolsonaro pelo União Brasil nesta quinta-feira.

Mabel não é de Goiânia, mas pesquisas internas apontaram que o eleitorado local procurava algum político com experiência em gestão, após uma administração bastante criticada do atual prefeito, Rogério Cruz (Republicanos). O perfil, na avaliação do governador, se encaixou com o do empresário (que há mais de uma década não é mais dono da fábrica dos biscoitos Mabel, da qual herdou o nome político).

O grupo de Caiado agora trabalha para afunilar as candidaturas da base do governador e convencer o senador Vanderlan Cardoso (PSD) — que teve 47,4% dos votos no segundo turno em 2020 — a desistir em prol de Mabel, com a promessa de que ele terá ajuda para se reeleger em 2026.

Também pretendem atrair o apoio do PL e de Bolsonaro, que lançaram o deputado federal bpara a prefeitura. “Se o PL vier, certamente levará a vice”, disse Mabel ao Valor. “Na eleição passada, o PL foi muito mal, o que desgasta o 22 e, consequentemente, também o Bolsonaro. Se eu ganhar com a vice do 22, eles também terão ganhado as eleições”, argumenta.

Em 2022, o PL lançou o então deputado major Vitor Hugo ao governo, que teve apenas 14% dos votos, ficou em terceiro lugar e perdeu no primeiro turno para Caiado. Agora, o governador tenta convencê-los de que a aliança é a melhor alternativa. Bolsonaro irá a Goiânia nesta quinta-feira para o encontro estadual do partido e deve encontrá-lo para discutir a eleição. Mabel sugere, inclusive, o perfil desejado para a vice: uma mulher evangélica.

Presidente do PL de Goiás, o senador Wilder Morais, contudo, rechaça o convite. “Não existe essa possibilidade. O PL é o maior partido [do] Brasil, temos pré-candidato a prefeito em Goiânia”, diz. Integrantes da cúpula do partido afirmam que a aliança não faria sentido: Caiado e Mabel apoiarão o vice-governador Daniel Vilela (MDB) para o governo em 2026, enquanto os planos do PL são concorrer com Wilder.

Em Goiás, Caiado decidiu por Sandro Mabel para a disputa em Goiânia; o empresário vai se filiar ao PL

Outro candidato no campo da direita é o prefeito Rogério Cruz, que era o vice e assumiu com a morte de Maguito Vilela (MDB) dias após o segundo turno em 2020.

A esquerda aposta nessa divisão para ganhar espaço. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve ser representado pela deputada Adriana Accorsi (PT), que teve 13% dos votos na eleição passada em Goiânia.

Disputa em Curitiba

Enquanto Caiado trabalha por uma aproximação, Ratinho Júnior selou há duas semanas o apoio de Bolsonaro ao seu candidato, o vice-prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel (PSD). A relação chegou a ficar ameaçada por resistências do ex-presidente a apoiar candidatos do PSD e declarações do atual prefeito, Rafael Greca (PSD), a favor de Flávio Dino como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), mas Ratinho o encontrou em Brasília e consolidou a parceria.

Em troca, o governador apoiará o ex-deputado Paulo Martins (PL) ao Senado. Isso pode ocorrer em 2026 ou ainda este ano, na vaga que será aberta se o senador Sergio Moro (União) for cassado por abuso de poder econômico. O julgamento no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) está em empatado, mas o desfecho deve ocorrer só no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além disso, em tese ainda pode caber recurso ao STF.

A disputa pelo Senado é prioridade para o PL, que deve abrir mão de indicar o vice neste caso para ajudar Pimentel a aglutinar os outros nomes da direita em torno de sua candidatura. Os deputados estaduais Ney Leprevost (União) e Maria Victoria Barros (PP) fazem parte da base aliada de Ratinho, mas se colocam como pré-candidatos. Inelegível, o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) se lançou como candidato e corre por fora desse grupo.

A estratégia da oposição é usada como exemplo pelo grupo do governador para a necessidade de junção dos governistas. O deputado federal e ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) deve contar com o deputado estadual Goura Nataraj (PDT) como vice. O PT tem como pré-candidatos os deputados Zeca Dirceu e Carol Dartora, mas parte da sigla – incluindo a presidente nacional, Gleisi Hoffmann – defende uma “frente ampla” com Ducci. A decisão será da Executiva Nacional.

Disputa em São Paulo

Outro que encaminhou aliança de seu candidato com Bolsonaro é Tarcísio de Freitas, o governador mais próximo do ex-presidente. A composição está fechada desde o ano passado em torno da reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), embora a militância bolsonarista preferisse a candidatura do deputado Ricardo Salles (PL).

Líderes da direita, porém, convenceram Bolsonaro de que era importante fortalecer o prefeito diante da liderança do deputado Guilherme Boulos (Psol) nas pesquisas e da derrota do ex-presidente na capital na eleição de 2022. O PL deve indicar o vice na chapa.

Disputa em Belo Horizonte

Apesar da proximidade com Bolsonaro, Zema não caminhará junto com o presidente quando o assunto é a disputa eleitoral em Belo Horizonte. Essa, pelo menos, é a fotografia do momento, de acordo com aliados do governador mineiro.

No Paraná, Ratinho Júnior selou o apoio de Bolsonaro ao seu candidato, Eduardo Pimentel

Enquanto o ex-mandatário aposta suas fichas no deputado estadual Bruno Engler (PL), considerado um dos favoritos para a corrida municipal, o político do Novo defende a candidatura de Luisa Barreto (Novo), secretária estadual de Planejamento e Gestão de Minas.

A avaliação interna é que o Novo precisa estar presente em mais disputas locais para ganhar capilaridade, o que contribuiria para um ambiente mais competitivo para Zema em 2026.

Em busca de alianças, Engler tem conversado com outras legendas, como o PP e o PSDB, para encontrar um nome forte para vice em sua chapa. Nos bastidores, o nome de Luisa é apresentado como uma das alternativas para essa composição. Essa eventual aliança colocaria Bolsonaro e Zema no mesmo palanque na capital mineira.

O deputado Rogério Correia (MG) é pré-candidato do PT, mas, dentro da sigla, há uma ala que defende uma frente ampla em defesa da reeleição do prefeito Fuad Noman (PSD). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já teria entrado em campo para tentar garantir o apoio do petista ao correligionário. As deputadas Duda Salabert (PDT) e Bella Gonçalves (Psol) são pré-candidatas do mesmo campo ideológico.

Ainda que uma aliança não seja celebrada, a pulverização de postulações na direita, com as candidaturas de Engler e do senador Carlos Viana (Podemos), sustenta a expectativa de uma disputa no segundo turno entre um nome alinhado com Bolsonaro e outro apoiado por Lula.

Disputa em Porto Alegre

Apesar da boa avaliação do primeiro ano de seu segundo mandato, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), vem enfrentando dificuldades para encontrar um nome para apoiar na disputa pela Prefeitura de Porto Alegre. Ele, porém, resiste a se alinhar ao bolsonarismo, que apoiará a reeleição do prefeito Sebastião Melo (MDB). O PL tem o vice-prefeito Ricardo Gomes e pretende repetir a dobradinha.

Dias após a deputada estadual Nadine Anflor (PSDB) informar aos correligionários que não pretende participar da corrida municipal, Leite, iniciou a busca por alternativas. Ele se reuniu nessa quarta-feira com a presidente estadual do PSDB, Paula Mascarenhas, e com o presidente municipal do partido, o vereador Moisés Barboza.

O objetivo de Leite e de seus aliados é chegar a um nome nas próximas semanas. Interlocutores dele pontuam a importância de se apostar em uma candidatura competitiva ou que pelo menos incomode os adversários que reúnem mais chances neste momento – além de Melo, a deputada Maria do Rosário (PT), aliada de Lula, aparece bem posicionada em pesquisas recentes.

Uma das opções levantadas é Artur Lemos Júnior, atual secretário estadual da Casa Civil. Há ainda a possibilidade de o governador gaúcho se alinhar à postulação da deputada Any Ortiz (Cidadania).

Fontes próximas a Leite destacam que ele está em uma situação delicada. Caso não apoie nenhum candidato formalmente, isso passaria a percepção de falta de articulação política do chefe do executivo estadual. Há a leitura de que seria importante ter candidato próprio “dentro de casa” para ter uma vitrine local para apresentar na disputa de 2026. Por outro lado, se apostasse em um nome que não decolasse, o revés poderia se reverter em evidências para desgastar o governador.

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