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terça-feira 8 de março de 2022 às 07:26h

PP fortalece candidatos contrários a Bolsonaro

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Um dos eixos de sustentação do governo ao lado do PL, o PP aliou-se a candidatos a governador que farão campanha contra a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) em pelo menos um terço do país, revela levantamento realizado pelo jornal Valor. A sigla fortalecerá outros presidenciáveis com seu tempo de TV, estrutura e candidatos em pelo menos dez Estados.

A “traição” envolve candidaturas em alguns dos maiores colégios eleitorais do país, como São Paulo, Bahia e Pernambuco. Bolsonaro chegou a negociar a filiação ao partido, mas desistiu e acertou com o PL em novembro. Com isso, o PP liberou seus diretórios para fazerem as melhores alianças com o objetivo de fortalecer o partido em cada Estado.

Em São Paulo, por exemplo, o diretório local decidiu apoiar o vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) e não o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, que se filiará ao PL e concorrerá para dar palanque a Bolsonaro. Garcia, por sua vez, apoiará o governador paulista, João Doria (PSDB), para presidente.

A decisão desagradou ao grupo mais bolsonarista da legenda. “O [deputado federal Guilherme] Derrite e o [deputado estadual coronel] Telhada estão pressionando para o PP ir para o Tarcísio, mas como o Bolsonaro não trouxe ninguém em São Paulo para o partido, foram todos para o PL, o Ciro [Nogueira] deixou acontecer a convenção e o apoio ao Rodrigo Garcia”, disse o deputado Fausto Pinato (SP), que está de saída do PP, mas por discordar do apoio nacional a Bolsonaro.

Na Paraíba e Pernambuco, o apoio será ao governador João Azevêdo (PSB) e ao deputado Danilo Cabral (PSB), respectivamente. Ambos fazem campanha para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “A gente tem em Pernambuco tem um diretório estadual eleito. Tem quem vote no Bolsonaro, mas a maioria é Lula”, disse o deputado Eduardo da Fonte, presidente estadual do PP. Já o PL de Bolsonaro está numa aliança com o PSDB, na tentativa do presidente estadual, Anderson Ferreira, ser candidato ao Senado, mas a sigla é disputada com o ministro do Turismo, Gilson Machado, também de olho nessa vaga.

Na Paraíba, o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) já selou acordo com Azevêdo para ser candidato a senador e trabalha para que Lula, muito popular no Estado, o apoie. O PL apoiará ao governo o radialista Nilvan Ferreira (PTB) e lançará ao Senado o filho do deputado Wellington Roberto.

Em Goiás, o PP disputará o Senado na chapa do governador Ronaldo Caiado (UB), que rompeu com Bolsonaro na pandemia e não voltou a se reaproximar. Ele tenta construir uma candidatura nacional de “terceira via”. Esse rompimento fez o deputado major Vitor Hugo (PL), ex-líder do governo na Câmara, lançar-se como candidato contra ele.

Outro Estado em que o PP dará suporte a uma candidatura de oposição ao presidente é o Pará. O senador Zequinha Marinho trocou o PSC pelo PL para concorrer ao governo. Com a filiação de Bolsonaro, o deputado Cristiano Vale deixou a direção nacional do PL e passou a comandar o PP local, com a promessa de ajudar a reeleição do governador Helder Barbalho (MDB), seu aliado.

O PP do Espírito Santo fechou aliança com o governador Renato Casagrande (PSB), adversário de Bolsonaro. A sigla espera que o deputado Da Vitória, que está trocando o Cidadania pelo PP, fique com a vaga de vice ou de senador. A situação é criticada pelo deputado Evair de Mello (PP-ES), vice-líder do governo na Câmara. “Casagrande e o PT são irmãos siameses, eles [PP] terão que decidir o que fazer”, disse. O PL filiou o ex-deputado Carlos Manato para disputar o governo.

A “infidelidade” ao projeto nacional do partido ocorre inclusive por seus quadros de mais destaque em Brasília. O presidente interino do PP, deputado Cláudio Cajado, é da Bahia, onde a sigla tem uma aliança de anos com os governos do PT. O quadro ficou bagunçado com a desistência do senador Jaques Wagner (PT) de voltar ao governo, mas a legenda deve apoiar o candidato escolhido pelo grupo para a sucessão.

“Temos uma definição muito clara. O partido nacionalmente está numa aliança com Bolsonaro e não vamos concordar com nenhuma defecção na aliança nacional. Em relação às alianças estaduais, para fortalecer, robustecer e levar o maior número de deputados reeleitos e eleitos pelo PP, você fica numa condição de permitir que os Estados vejam qual é a melhor coligação. Em alguns lugares, como Bahia, Pernambuco e Maranhão, a coligação existia antes da aliança nacional. Na Bahia, estamos apoiando [o PT] há 16 anos. Não tinha porque proibir ou vetar que essa aliança acontecesse”, disse Cajado.

Líder do PP na Câmara e presidente do partido no Maranhão, o deputado André Fufuca deve anunciar nos próximos dias a adesão à candidatura do vice-governador Carlos Brandão (ainda no PSDB), escolhido pelo governador Flávio Dino (PSB) para sucedê-lo. Ex-PCdoB, Dino é um dos principais adversários de Bolsonaro. O PL está dividido entre as candidaturas do deputado Josimar Maranhãozinho (que perdeu força após uma operação da Polícia Federal) e do senador Roberto Rocha (que trocaria o PSDB pela sigla para concorrer).

O próprio Ciro Nogueira, presidente licenciado do PP e ministro-chefe da Casa Civil, mantém postura dúbia. Ele queria ser candidato ao governo do Piauí, mas desistiu para ficar até o fim da gestão Bolsonaro. Escolheu para a disputa o ex-prefeito de Teresina Silvio Mendes (que está no PSDB, mas trocará de partido e negocia com o União Brasil).

No discurso de lançamento da candidatura de seu aliado, Nogueira não citou nenhuma vez Bolsonaro – que perde de lavada de Lula em popularidade no Piauí. Mendes também tem evitado declarar apoio à reeleição do presidente, num confronto com o candidato do PT à sucessão do governador Wellington Dias (PT). Esse cenário fez com que o PL local, recém-assumido pela jornalista Samantha Cavalca, decidisse lançar a candidatura de um policial militar. “O Silvio Mendes não falou do Bolsonaro até agora. O presidente não podia correr o risco de ficar sem palanque no Piauí”, disse ela.

O prazo para a efetiva definição das candidaturas ainda está longe, em agosto, e há outros Estados em que o cenário é de mais incerteza, como Alagoas. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), declarou apoio à reeleição de Bolsonaro, mas a candidatura que o partido apoiará ao governo ainda não está definida. Pode ser encampada pelo deputado estadual Davi Filho (PP), que na eleição para prefeito de Maceió evitou vínculo com Bolsonaro, pelo senador Rodrigo Cunha (PSDB) ou pelo presidente da assembleia legislativa, Marcelo Victor (UB). Do lado de Lula estará o clã Calheiros, do governador Renan Filho (MDB).

Por outro lado, o PP deve apoiar candidatos ao governo que darão palanque a Bolsonaro em 13 Estados, como o governador Romeu Zema (Novo) em Minas Gerais, o deputado capitão Wagner (UB) no Ceará, o governador Mauro Mendes (UB) em Mato Grosso e o governador Ratinho Júnior (PSD) no Paraná. Parte desses locais terão palanques divididos, como o de Zema, que, além de Bolsonaro, deve receber o presidenciável de seu partido.

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