Nesta fase de decantação de candidaturas presidenciais, uma das grandes incógnitas segundo Vera Magalhães, em sua coluna no O Globo, é para onde Gilberto Kassab levará seu PSD, que pode ser a diferença entre haver ou não segundo turno, no cálculo de políticos de todos os grupos.
O ex-prefeito de São Paulo e ex-ministro de Dilma e Temer calculou conduzir o jogo de forma a ter palanques muito fortes no triângulo São Paulo, Rio e Minas, para ser cortejado como vice de Lula e, na reta final, convencer as seções do partido avessas ao PT de que esse era um bom caminho.
Mas de acordo com a colunista, o namoro direto entre Lula e Geraldo Alckmin atrapalhou seus planos em duas frentes: por um momento fez as análises deixarem de apontar o PSD como fiel da balança para a aproximação do ex-presidente com o centro e o PIB; na outra, o deixou sem plano B na sucessão para o governo de São Paulo.
Diante da ofensiva petista para tentar liquidar a fatura da eleição no primeiro escrutínio, uma vez que parece consolidada a posição de Jair Bolsonaro como segundo colocado nas pesquisas, mas ainda sem se recuperar, a cotação de Kassab voltou a subir.
Depois de ver o balão de ensaio da candidatura de Rodrigo Pacheco murchar, Kassab, reconhecido como um dos maiores estrategistas da política brasileira, voltou a se movimentar.
As conversas voltam segundo Vera Magalhães a ser para que o PSD seja considerado para a vice, e os mineiros Josué Gomes, o próprio Pacheco e Alexandre Kalil são colocados como opções, embora o desejo de Kassab seria ocupar o posto sem intermediários.
Ocorre que, se Alckmin já causa desconfiança no PT, o ex-prefeito de São Paulo provoca ainda mais. Por ser mais ambicioso que o tucano e pelo fato de ter ocupado um ministério no governo Dilma até o apagar das luzes e ter amanhecido nomeado por Temer no dia seguinte.
No processo de reaproximação de Kassab com o PT entra na equação o governo da Bahia, um arranjo que interessa também ao União Brasil de ACM Neto. Caso as conversas avancem, o PT admite deixar de lançar Jaques Wagner ao governo baiano, já que ele tem mais quatro anos de mandato no Senado. Assim, o PT apoiaria Otto Alencar, o que facilitaria o caminho para Neto. Em troca, ele barraria a entrada de Sérgio Moro no União Brasil.
Nenhuma dessas rotas está definida, e Kassab é o tipo de político que desenha caminhos alternativos tendo como cálculo sempre o aumento da bancada e da influência do partido que criou em 2011.
Por isso, não está descartado nem que ele engula o ranço com o fato de ter levado uma pernada de Alckmin e aceite filiar o ex-governador para viabilizar a aliança com o PT.