Os primeiros passos de Sergio Moro (Podemos) em sua possível candidatura presidencial têm provocado evidente incômodo na classe política.
Nos bastidores, dirigentes de diferentes partidos, da esquerda à direita, têm mantido discursos céticos sobre as chances do ex-juiz, que tem feito aparições e articulações de bastante repercussão nos últimos dias.
Os políticos dão razões variadas para afirmar que o Moro não decolará, passando por falta de traquejo, Vaza Jato e identificação com Jair Bolsonaro.
Dirigentes de siglas de esquerda afirmam que Moro tem a imagem muito ligada ao bolsonarismo. Presidente do PDT, Carlos Lupi diz que o ex-juiz não passa de filial do presidente e encabeça uma candidatura vulnerável de um partido fraco.
“É uma filial menos grossa, mas é muito parecido, fala com eleitorado conservador”, diz. “Está fadado ao fracasso. Não traz novidade, representa a Justiça sob suspeição”, completa.
Petistas citam pesquisa que encomendaram ao Vox Populi e divulgada na semana passada que mostra Moro com baixa intenção de votos e fortemente identificado com Bolsonaro, com crescimento significativo em um cenário sem o presidente como candidato.
“Moro não está se filiando a um partido político por opção, mas porque perdeu a boca rica, ilegal e vergonhosa que tinha arranjado no escritório que trabalha para a Odebrecht. O emprego de candidato é o que ele tinha à mão neste momento”, diz Gleisi Hoffmann (PR), presidente do PT.
Nos partidos de centro, lideranças dizem que as pesquisas internas não mostram crescimento das intenções de voto em Moro desde que ele começou a se apresentar cada vez mais como candidato.
Descartado logo na largada de sua tentativa de vida política, Moro encontra rejeição na classe política desde que, como juiz, apoiou investigações em que diversos deles apareceram como alvos.
Para aliados do ex-ministro da Justiça, as falas dos políticos têm mais relação com uma torcida para que ele não vingue do que com a realidade dos fatos.