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sexta-feira 7 de janeiro de 2022 às 11:30h

Políticos buscam vaga no Congresso após derrotas em 2018

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Atingidos pela onda de renovação que dominou as eleições de 2018, políticos que exerceram cargos importantes em governos ou no Congresso no passado vão tentar segundo o Estadão uma redenção nas urnas em 2022. Nomes como a ex-ministra e ex-presidenciável Marina Silva (Rede-AC), o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MBD-CE), o ex-governador do Paraná Beto Richa (PSDB-PR) e a ex-senadora Heloísa Helena (Rede-AL) pretendem se candidatar à Câmara após derrotas sofridas quatro anos atrás. A estratégia de partidos como MDB, PT, PSDB, PSB e Rede é apostar nos mais experientes nas eleições para deputados federais.

O presidente do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), vê na eleição de caciques regionais uma maneira de aumentar a bancada do partido na Câmara. “Vamos eleger mais de 50 deputados federais. São puxadores de votos”, disse ele ao Estadão. Antes de 2018, a sigla disputava com o PT o título de maior bancada na Câmara, com mais de 60 representantes, mas hoje é apenas a sexta, com 34.

Além de Eunício, o partido deve lançar ex-governadores Roseana Sarney (MDB-MA) e Germano Rigotto (MDB-RS) como candidato a deputado, enquanto os ex-ministros e ex-senadores Garibaldi Alves (MDB-RN) e Romero Jucá (MDB-RR) devem tentar voltar ao Senado.

Líder do PT na Câmara, o deputado Reginaldo Lopes (MG) também afirmou que sua sigla deve apostar em candidaturas de ex-governadores e ex-senadores para ajudar o partido a manter um bom número de representantes na Casa. “Queremos eleger uma grande bancada, pelo PT e também na federação partidária”, afirmou. Os ex-governadores Fernando Pimentel (PT-MG), Agnelo Queiroz (PT-DF) e o ex-senador Lindbergh Farias (PT-RJ) estão na lista dos que vão tentar se eleger deputado em 2022.

A nova tentativa acontece após a maioria desses políticos sofrerem derrotas para novatos. Em Minas Gerais, por exemplo, Pimentel fracassou na tentativa de reeleição a governador e não chegou nem ao segundo turno, que foi vencido pelo estreante Romeu Zema (Novo). No Ceará, Eunício Oliveira não conseguiu renovar o mandato de senador e perdeu para Eduardo Girão (Podemos), também em sua primeira eleição. Mesmo caso se repetiu no Espírito Santo, onde Magno Malta (PL-ES) foi derrotado na tentativa de renovar o mandato de senador e viu nomes fora da política como Fabiano Contarato (Rede) e Marcos do Val (Podemos) se elegerem. Agora, Malta, que recusou ser vice de Bolsonaro quatro anos atrás, vai tentar uma vaga na Câmara.

Cláudio Couto, cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), avalia que as eleições municipais de 2020 já começaram a sinalizar uma mudança em relação ao interesse do eleitor em eleger os chamados “outsiders” como visto em disputas anteriores. “A eleição de 2020 já foi um certo retorno à política normal, na comparação com aquilo que a gente viveu nesses últimos anos, pelo menos em 2016 e 2018, já na onda do que começou a acontecer em 2013”, afirmou.

Partidos consolidados, como MDB, PSD e Progressistas foram os principais vencedores das disputas locais, que também contou com a volta de antigos governantes, caso de Eduardo Paes (PSD), que assumiu a prefeitura do Rio pela terceira vez.

Rede busca sobrevivência
No entanto, o objetivo da estratégia de lançar nomes conhecidos para Câmara pode mudar conforme a realidade dos partidos e dos pré-candidatos. Depois de três eleições seguidas como presidenciável, Marina Silva vai tentar se eleger deputado dessa vez para garantir a sobrevivência do partido que fundou, a Rede Sustentabilidade.

Em 2018, a sigla não atingiu a votação mínima estabelecida pela cláusula de desempenho e, como consequência, ficou sem recursos públicos para financiar suas atividades e tempo gratuito de rádio e TV nas eleições. A Rede hoje tem apenas dois deputados federais, número menor que os 11 que serão exigidos em 2022 pela regra.

Para ajudar Marina nessa missão, o partido também lançará a ex-presidenciável (2006) Heloísa Helena para a Câmara. Ela já havia tentado em 2018, mas não foi eleita. “São lideranças que podem ser importantes para o partido ter uma votação que permita a ele sobreviver no Legislativo e consequentemente ter fundo partidário e ter fundo eleitoral”, afirmou Couto.

Na avaliação de Creomar de Souza, da consultoria Dharma, o resultado da eleição de 2020 também representa muito mais uma rejeição a nomes pouco experientes da política do que uma aposta nos caciques partidários.

“A melhor alegoria até aqui e que talvez dê algum alento às lideranças antigas é a possibilidade sinalizada em 2020 de que um pedaço dos eleitores vai votar com um olho no retrovisor, buscando nomes que de fato tenham a capacidade de dar soluções a problemas concretos”, afirmou.

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