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sábado 3 de outubro de 2020 às 15:44h

Político japonês se torna bilionário com serviços de assinatura eletrônica

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A tradição japonesa de séculos de carimbar documentos com selos no lugar de assinaturas está desaparecendo, conforme o home office por conta da pandemia do novo coronavírus se estende. Gigantes corporativos como Toyota e Nomura estão se inscrevendo nos serviços de assinatura eletrônica de uma empresa pouco conhecida chamada Bengo4.com Inc., impulsionando as ações a uma valorização de 100% este ano.

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A alta do preço dos ativos tornou o fundador da Bengo4, Taichiro Motoe, um bilionário em grande parte devido à sua participação na empresa listada em Tóquio que ele fundou há 15 anos. A Forbes estima o patrimônio líquido de Motoe em pouco mais de US$ 1 bilhão.

Os investidores estão otimistas em relação ao serviço de assinatura eletrônica da Bengo4, chamado CloudSign, no período da Covid-19. À medida que mais pessoas permanecem de home office, as empresas japonesas estão adotando assinaturas eletrônicas de carimbos físicos, chamados hanko, para autenticar documentos –uma prática que o Japão segue pelo menos desde o século 19. “A CloudSign está transformando a tradicional cultura do hanko”, disse Motoe.

Segundo a Bengo4, o CloudSign é o serviço de assinatura eletrônica dominante no Japão, atendendo 80% do mercado do país. Mais de 100 mil empresas em uma variedade de setores usam o sistema, contra menos de 50 mil de um ano atrás.

“O preço das ações da Bengo4 aumentou drasticamente com as expectativas de uma consolidação mais rápida dos serviços de contrato eletrônico, à medida que os esforços do governo para abandonar o uso de selos pessoais ganham força em resposta à Covid-19”, escreveu Haruka Mori, analista do JPMorgan, em nota. Mori acrescentou que há um “rápido desenvolvimento de infraestrutura legal para apoiar a disseminação de contratos eletrônicos”.

Hanko, carimbo físico utilizado para autenticar documentos

A Bengo4, cujo nome é uma brincadeira com a palavra japonesa para “advogado” (pronuncia-se “bengoshi”), começou como uma plataforma online para os advogados. Ela foi listada no mercado de pequena capitalização da Bolsa de Valores de Tóquio em 2014 e, um ano depois, lançou a CloudSign em busca de crescimento como uma empresa recém-aberta. Antes de se tornar um empresário, Motoe foi advogado na Anderson Mori, um importante escritório de advocacia japonês. Após três anos, ele saiu da companhia para abrir o seu próprio gabinete, o Authense Law Office, e fundou a Bengo4 no mesmo ano.

COVID-19 to Seal Demise of Paper and “Hanko” Dependence in Japan? |  Nippon.com

Além de empresário e advogado bilionário, Motoe, que nasceu em Illinois mas cresceu em Kanagawa, perto de Tóquio, também é legislador. O fundador de 44 anos é membro da câmara alta do Parlamento do Japão desde 2016 e foi o legislador mais bem pago do país no ano passado, com uma receita informada de 845 milhões de ienes (cerca de US$ 7,8 milhões), principalmente com vendas de ações. No início do mês passado, ele se juntou ao gabinete do recém-eleito primeiro-ministro Yoshihide Suga no cargo de vice-ministro parlamentar das finanças.

O governo japonês, que declarou estado de emergência por causa do coronavírus em abril, ajudou a impulsionar o crescimento de assinaturas eletrônicas para manter os trabalhadores em casa. Em 17 de julho, o governo esclareceu que o uso de serviços eletrônicos podem ser considerados a assinatura do usuário se o provedor de serviços garantir que é criptografado e não pode ser alterado, segundo informou um relatório do escritório de advocacia internacional Clifford Chance.

O novo governo do Japão planeja continuar a impulsionar a digitalização em todo o país. No início de setembro, Suga instruiu seu gabinete a acelerar o lançamento de uma agência governamental que irá aumentar a digitalização no Japão.

As vendas da Bengo4 aumentaram antes mesmo dos esforços recentes do governo. A empresa registrou vendas de 1,16 bilhão de ienes (cerca de US$ 1 milhão) no trimestre de abril a junho, um aumento de 24% na comparação anual. O crescimento foi liderado pela CloudSign, cujas vendas trimestrais mais do que dobraram para 262 milhões de ienes (aproximadamente US$ 2,4 bilhões).

A Bengo4 prevê que as vendas trimestrais da CloudSign quase dobrarão novamente no próximo ano para cerca 500 milhões de ienes (aproximadamente US$ 4,6 milhões). “Queremos expandir os negócios da Bengo4 para US$ 100 milhões em vendas nos próximos quatro a cinco anos”, diz Motoe.

No entanto, a CloudSign ainda tem espaço para um crescimento adicional. Motoe estima que apenas 1% das empresas na terceira maior economia do mundo utilizam atualmente um sistema de assinaturas eletrônicas e espera que esse número cresça para quase 5% no próximo ano. “Há potencial para uma flexibilização regulatória precoce nos setores imobiliário e financeiro e em áreas relacionadas ao direito corporativo”, observou Mori no relatório do JPMorgan. Em julho, a empresa japonesa de internet Digital Garage anunciou que adotaria a CloudSign em seu sistema de gerenciamento online de contratos de compra de imóveis.

A ideia de US$ 1 bilhão veio a Motoe quando ele estava frustrado com a cultura hanko enquanto trabalhava como advogado. “Tive que carimbar uma pilha enorme de contratos, um por um. Senti muita ineficiência na estrutura empresarial”, afirma. “Com o tempo, vi a assinatura eletrônica se tornar bastante popular em países estrangeiros e acreditei que algum dia seria um sucesso no Japão também”, acrescenta Motoe. “Faça previsões, prepare-se e espere”, diz ele, citando um de seus provérbios favoritos do colega bilionário Masayoshi Son, CEO da SoftBank e a segunda pessoa mais rica do Japão.

Atualmente, com o rápido crescimento das assinaturas eletrônicas, Motoe tem grandes planos para a Bengo4. “Quero comercializar informação e fazer com que mais pessoas tenham acesso mais fácil aos especialistas”, diz. “A CloudSign mudou o sistema e a cultura empresarial do Japão. Esse é o tipo de mudança que a Bengo4 deseja alcançar.” Ele explica que “no mundo contemporâneo, algumas pessoas sabem mais do que outras, como em temas sobre direito e impostos, então a diferença entre os conhecimentos é maior. Preencher essa lacuna por meio da internet certamente mudará o mundo para melhor.”

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