Após uma disputa política acirrada, marcada, inclusive, pela tentativa do senador Jaques Wagner (PT), aliado de primeira hora do governador Rui Costa (PT), de fortalecer o principal opositor do deputado estadual Jânio Natal na disputa pela Prefeitura de Porto Seguro, Uldurico Júnior (PROS). Jânio foi eleito prefeito e integra a base de apoio ao governo estadual na Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
Conforme lembrou o Bahia Notícias, faltando apenas dois dias do pleito, na última sexta, dia 13 de novembro, o senador Wagner sugeriu a desistência da candidatura petista na cidade, personificada na figura de Lívia Bittencourt, em favor de apoio à Uldurico Júnior (Pros), com a clara intenção de que pudessem unir forças contra Jânio. Este, recentemente, também passou a se apresentar como apoiador do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), ampliando as cisões com a cúpula do governo baiano.
“Eu acabo de pedir a Lívia, a nossa candidata do PT à prefeitura de Porto Seguro, que, neste momento, ela possa se juntar a Uldurico Junior, igualmente jovem como ela, também é o novo chegando na cidade. E que eles possam se juntar para dar uma vitória significativa para Porto Seguro”, disse Wagner, em vídeo publicado nas redes sociais.
Em atendimento ao pedido de Wagner, no mesmo dia Lívia utilizou as redes sociais para anunciar a desistência da disputa, conferindo apoio a Uldurico, como antecipado pelo correligionário. Apesar do recuo, a proximidade com o dia das eleições impediu a retirada dos dados da candidata do sistema do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ela chegou a receber 1.441 votos, equivalentes a 2,09% dos votos válidos.
Para Jânio, no entanto, “isso é passado”, pois “na política cada um defende seu pedaço”. “O governador defendeu o pedaço dele e eu defendi o meu. Isso é passado. O governador defendeu os interesses dele. Vou virar outra página. Outra caminhada. Se o governador quiser continuar ajudando Porto Seguro, que continue. Se não quiser, o que eu posso fazer?”, minimiza o deputado.
Jânio foi eleito com 41,17% dos votos, 28.366 confirmações em números absolutos. Em segundo lugar, Uldurico, que tinha entre seus apoiadores a atual prefeita Cláudia Oliveira, obteve 34,37% dos votos válidos computados no último domingo (15).
Questionado sobre “ressentimentos” após o processo, Jânio foi imediato em responder que, de sua parte, “não tem problema nenhum”. Enfatizou que “adora” o governador, “tem boa relação” com ele, além de “respeito”. E voltou a reafirmar: “Política é assim mesmo. É outra vida. A página está virada já. A vida que segue”.
Câmara Municipal de Salvador
Com essa possibilidade de o Podemos migrar da oposição de Rui, o movimento também irá ocorrer para a bancada de apoio a Bruno Reis (CMS) na Câmara de Salvador, a configuração da oposição na Casa pode sofrer uma reformulação.
Atualmente, há dois blocos oposicionistas no Legislativo soteropolitano: oposição e bloco independente de oposição.
Para a líder do PT na Casa, Marta Rodrigues (PT), caso o movimento aconteça, será necessário dialogar para fortalecer os oposicionistas. Ela cita a importância de conversar com o vereador Edvaldo Brito (PSD), atual membro do bloco independente do Legislativo soteropolitano. “Vamos reunir nesta semana nosso bloco, para ter um debate. Mas sobre este movimento, depois vamos procurar o PSB e PCdoB para uma reunião maior, o PSD tbm com o professor Edvaldo Brito, para a gente compor uma ação articulada”, explicou, em entrevista ao Bahia Notícias.
Segundo a petista, o Sidninho não conversou com os demais vereadores e, portanto, qualquer ação ainda é especulação. Segundo ela, outra possibilidade é a repactuação dos dois blocos de oposição, atualmente divididos. “Do PSB e PCdoB que somos aliados históricos… Com o Podemos com uma posição dessa, fica difícil. Somos oposição, uma oposição que diminuiu um pouco. Perdemos um quadro como Aladilce (PCdoB), mas ficamos [o PT] com quatro vereadores, a segunda maior bancada depois do DEM”, declarou. “Existe a possibilidade de repactuação e é até bom para a gente fortalecer mais o campo da oposição”, acrescentou.
A reportagem do Bahia Notícias informa que conversou com o líder do bloco independente de oposição, Silvio Humberto (PSB), antes de eclodir a possibilidade de cisão do Podemos com a oposição. Sem ainda ter ciência da probabilidade, o parlamentar indicou a possibilidade de um diálogo para juntar novamente a bancada. “A conjuntura tem se mostrado outra. Para ter uma repactuação, existe a possibilidade. Tanto que, muitas vezes na Câmara, votamos juntos. Então vamos ver dentro dessa nova conjuntura. Vamos sentar e ver a possibilidade de repactuar. Caso não consiga, já existe uma figura jurídica. Mas tem sido muito boa nossa relação. Agora é sentar e conversar com o PT. Apoiamos a Major Denice. Por que não sentar pra conversar? O que mais aprendi nestes oito anos é conversar”, comentou.
A oposição, liderada por Sidninho (Podemos), possui Toinho Carolino (Podemos), Ana Rita Tavares (PT), Marta Rodrigues (PT) e Suíca (PT). Contudo, Ana Rita e Carolino não foram reeleitos, enquanto Moisés não tentou reeleição.
Em tese, com as mudanças, passam a integrar o bloco Emerson Penalva (Podemos), Maria Mariguella (PT) e Tiago Ferreira (PT).
O bloco independente de oposição é liderado por Silvio Humberto (PSB) e possui, até o momento, Aladilce Souza (PCdoB), Hélio Ferreira (PCdoB), José Trindade (PSDB) e Marcos Mendes (PSOL). Com a eleição, este grupo sofreu mudanças substanciais. Se as lógicas partidárias se mantiverem, Augusto Vasconcelos (PCdoB) e Laina Pretas por Salvador (PSOL) entram nos lugares de Aladilce Souza (PCdoB), Zé Trindade (PSB) e Marcos Mendes (PSOL).
No grupo, resta saber qual vai ser o posicionamento de Debora Santana (Avante), novata na Casa.
Acho uma falta de respeito se pensar em carnaval pra 2021, precisamos refletir e valorizar a VIDA. Precisamos humanizar a política pública.