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Produção irrigada de trigo no Cerrado - Foto: Divulgação
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quinta-feira 5 de setembro de 2024 às 17:36h

Plataforma sobre trigo integrará dados da produção ao consumo no Brasil

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Única commodity agrícola importada pelo Brasil, o trigo deve contar com uma plataforma de dados com informações estratégicas para guiar políticas de incentivo e investimento no crescimento da produção, em desenvolvimento na Embrapa. A construção da ferramenta está inserida em um amplo projeto de pesquisa para o crescimento da triticultura no Cerrado, especialmente nos estados de SP, GO, MG, DF, MT, MS e BA. No entanto, contará com dados de todo o País, tendo em vista que a tomada de decisão sobre investimentos em plantio nessa área envolve fatores de outras regiões, como a presença de unidades de processamento e o próprio consumo em outros estados. A previsão é que a solução tecnológica seja entregue até o final de 2025 à sociedade e ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que demandou o trabalho.

À frente da iniciativa, o analista Alvaro Dossa, da Embrapa Trigo (RS), reforça que a expansão da triticultura no Cerrado é peça-chave para o Brasil conquistar a autossuficiência no cereal. Mas a conexão dos dados sobre essa área com as do restante do País é imprescindível quando se pensa na cadeia produtiva e no fornecimento de matéria-prima para a indústria. “Não podemos só isolar o Cerrado porque as decisões não são isoladas. Por exemplo, tem muito consumo no Nordeste do Brasil, uma população grande”, avalia. “É uma questão nacional, não dá para entender analisando apenas a realidade da região de expansão. Olhar somente a intensidade de moagem que existe na região não é suficiente para dimensionar a demanda. Muitas vezes, moinhos podem estar fora dessa região e exercerem uma capacidade de influência. Um moinho localizado no norte do Paraná pode buscar trigo em Minas Gerais ou no Mato Grosso do Sul”, complementa o analista André Farias, da Embrapa Territorial (SP).

Dez anos de trabalho em evolução

A plataforma deve apresentar dados sobre a produção (sementes, insumos, evolução histórica) e processamento (capacidade instalada, estocagem), além do consumo interno e da exportação. Também agregará trabalhos que vêm sendo realizados em uma parceria entre a Embrapa Trigo, a Embrapa Territorial e pesquisadores da Sede da Empresa, há dez anos. Em 2015, um estudo projetou cenários de crescimento das plantações nas quatro regiões homogêneas da cultura, analisando principalmente a participação do trigo em relação à área de soja e milho da safra de verão e a otimização de locais que historicamente haviam sido ocupados pela triticultura. Um segundo trabalho, dois anos depois, avaliou como o plantio do cereal se expandiu, ou se retraiu, nas diferentes áreas do território nacional, ao longo de 25 anos. A estimativa das lacunas de produtividade foi um terceiro esforço para compreender as diferenças que existem na produção do trigo conforme a localidade, mesmo em regiões com produção consolidada e condições ambientais semelhantes.

Todas essas análises estão sendo atualizadas para integrar a plataforma. “É uma evolução do trabalho no sentido de que integra muito do que já fizemos e também porque tem muitos outros indicadores, por exemplo, tem toda a questão de socioeconomia, toda a questão de empregos, a questão de consumo, que nunca tínhamos trabalhado, e vários outros indicadores. Além disso, tudo estará em uma plataforma interativa”, diz o analista Rafael Mingoti, da Embrapa Territorial. Ele avalia que isso amplia as possibilidades de uso e o público consumidor dos dados. “Esse trabalho pode alimentar questões sobre sementes, pode alimentar questões sobre trabalhos semelhantes para outros produtos. Também vai atender os cidadãos que atuam na produção tritícola, desde o produtor rural, a assistência técnica, investidore”, diz.

O analista Adão Acosta, da Embrapa Trigo, chama a atenção para os ganhos obtidos com a conjugação de esforços entre equipes de dois centros de pesquisa da Embrapa, além da Superintendência Estratégica e da Diretoria de Pesquisa e Inovação. O analista Job Lucio Gomes Vieira, da Superintendência, complementa: “Esse estudo tem uma natureza integradora de duas áreas, a inteligência territorial e a estratégica”.

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