Os planos de saúde empresariais podem subir até cinco vezes mais que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025. No ano passado, o IPCA registrou uma alta de 4,6%, já os planos empresariais de saúde podem subir até 25% este ano, segundo previsão da consultoria AON. A alta pode impactar as finanças de mais de 41 milhões de pessoas, hoje beneficiárias desse tipo de plano.
De acordo com a consultoria, a alta nos custos com os planos se deve, principalmente, a inflação médica, que em 2023 ficou três acima do IPCA. Enquanto os preços em geral subiram 4,6% ao ano, os preços de suplementos e equipamentos médicos subiram 14,1%.
Ainda segundo a AON, a alta fica acima da inflação médica global, apurada em 10,1%. A AON mediu os custos dos insumos médicos em 113 países no ano passado.
Também de acordo com a consultoria, para elevar os preços dos planos as operadoras consideram, além da inflação médica, as fraudes, a utilização dos planos e o resultado financeiro. Em 2023, o setor de plano de saúde teve um déficit operacional de R$ 5,1 bilhões.
Planos de saúde empresariais não são regulados pela ANS
A Agência Nacional de Saúde (ANS), que regula o setor, não estabelece regras para o aumento de preços dos planos empresariais, ao contrário do que ocorre com os planos individuais e particulares.
Segundo dados da agência, em 2023, esses tipos de planos tiveram reajuste de 9,63% no ano passado. Para 2024, o Citibank projeta uma alta de 8,7%.
Corrida por planos de saúde empresariais
Como explica o diretor de franquias da Me Protege, Rafael Lemos, há alguns anos há uma corrida por planos empresariais, já que a tabela de custos é vantajosa. A empresa é especializada na comercialização de convênios médicos.
“Já chegamos a ver diferenças de 60% entre o custo de um plano para pessoa física e para pessoa jurídica numa mesma operadora”, comenta.
Lemos destaca também que a entrada dos Microempreendedores Individuais (MEIs) nos planos de saúde gerou uma nova demanda aos planos empresariais, na qual ele classifica como uma transformação.
“Também houve cenários de muitas fraudes praticados no mercado. Casos em que pessoas não tinham MEIs e tinham plano empresarial. Por isso, a ANS estabeleceu que o MEI deve ter ao menos seis meses de operação para poder contratar um plano empresarial”, complementa.
Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar, o Brasil tinha, em dezembro de 2023, mais de 25,5 milhões de beneficiários de planos de saúde empresariais.
Já o número de beneficiários de planos de saúde privados é de mais de 51 milhões, de acordo com a agência. O setor engloba 680 operadoras ativas médico-hospitalares com beneficiários e 238 operadoras ativas exclusivamente odontológicas com beneficiários.