O presidente Jair Bolsonaro selou ontem sua filiação ao PL, após uma reunião com o presidente da legenda, Valdemar Costa Neto, no Palácio do Planalto. Após o encontro, o PL divulgou nota informando que bolsonaro assinará a ficha de filiação no próximo dia 22, número oficial do partido, em um evento em Brasília.
Também participaram da reunião o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) e o ministro Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência). Segundo afirmam interlocutores, Costa Neto prometeu a Bolsonaro autonomia para escolher candidatos aos governos estaduais e ao Senado nas eleições do ano que vem.
A tendência, além disso, é que boa parte dos candidatos a deputado federal seja do grupo de Bolsonaro. O PL deve abrigar praticamente todos os deputados federais dissidentes do PSL, partido sob o qual o presidente se elegeu em 2018 antes de romper com o comandante da sigla, Luciano Bivar (SP), no ano seguinte.
Todos devem trocar de partido em março de 2022, dentro da janela legal para que os parlamentares troquem de partido sem perder o mandato.
Nesse grupo, está incluído o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente. Um dos artífices da ida do pai para o PL, o primogênito de Bolsonaro, Flávio, também deve migrar para a legenda.
Eleito deputado pelo DEM do Rio Grande do Sul, Onyx é outro que deve se filiar ao partido de Costa Neto no ano que vem.
O arranjo para a chapa de Bolsonaro no ano que vem envolve também conversas com o PP, partido presidido pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que é senador pelo Piauí.
Com isso, Bolsonaro, que se elegeu em 2018 sob a bandeira da antipolítica, deve concorrer à reeleição com uma chapa composta pelos dois maiores partidos do Centrão, que foi governista durante os mandatos de todos presidentes desde Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)
Ao longo dos últimos meses, houve uma disputa entre Nogueira e Costa Neto pela filiação do presidente, com ameaças veladas de um desembarque do governo por parte de quem fosse preterido.
Feita a opção pelo PL, Bolsonaro quer manter o PP também sob sua órbita, e com “papel de protagonismo” em 2022, de acordo com interlocutores.
Aliados próximos do presidente têm tentado influenciá-lo para que escolha o próprio Nogueira como vice em sua chapa. Mas, segundo fontes palacianas, a ideia parece não animar o ministro.
Outro nome forte para vice é o ministro das Comunicações, Fábio Faria. Eleito deputado pelo PSD do Rio Grande do Norte, ele já acertou sua ida ao PP.
Até o momento, a primeira opção de Faria é concorrer ao Senado em 2022, mesma ambição de outro auxiliar de Bolsonaro, o ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho.
Caso Faria seja mesmo o escolhido, a disputa entre pares da Esplanada estará resolvida. Mas, segundo uma alta fonte do governo, este não será o principal critério para definir o vice de Bolsonaro.
O acerto com Costa Neto, no entanto, ainda tem uma série de arestas a aparar em alguns Estados. Casos de São Paulo e de Minas Gerais. Também há resistências a Bolsonaro no Nordeste, onde o ex-presidente Lula e o PT continuam a desfrutar de uma grande popularidade.
Em São Paulo, o PL já tem um acordo para apoiar Rodrigo Garcia, vice-governador de João Doria, que se tornou um dos principais rivais de Bolsonaro.
Membros da legenda vêm dizendo nos últimos dias que os diretórios estaduais teriam liberdade para fazer acordos regionais, e o caso de São Paulo ainda continua em negociação.
Segundo duas fontes próximas a Bolsonaro, a tendência hoje é que o apoio do PL a Garcia seja mantido. Mas, caso Bolsonaro apresente um candidato competitivo, Valdemar está aberto a lançar uma candidatura própria no Estado mais populoso do país.