Segundo a colunista Mônica Bergamo, da Folha, Jair Bolsonaro vem causando incômodo na rotina do PL, que considera que ele promove atritos desnecessários como o da tentativa de pressionar o partido a votar contra a reforma tributária. O ex-presidente, no entanto, segue sendo tratado como uma dádiva eleitoral pela legenda.
Na análise de dirigentes do PL, Bolsonaro está em uma situação ideal para o partido: fraco politicamente, pois está inelegível –o que o tornaria mais dependente do partido –, mas forte eleitoralmente. A avaliação é que, como cabo eleitoral, ele funcionará como uma mina de votos nas próximas eleições.
A derrota política que ele teve na semana passada, ao tentar derrotar o governo Lula (PT) na reforma tributária, teria consolidado sua fragilidade política, sem tirar dele, no entanto, a capacidade de mobilizar o eleitorado.
Por causa da expectativa de que serão apoiados pelo ex-presidente em suas campanhas municipais, por exemplo, diversos prefeitos de todo o Brasil estariam aceitando se filiar à legenda.
Nas contas da cúpula do PL, comandado por Valdemar Costa Neto, a legenda poderá eleger cerca de mil prefeitos em 2024. Com essa base, poderá levar à Câmara entre 120 e 130 deputados federais em 2026 –aumentando de forma significativa sua participação no milionário fundo partidário que sustenta as legendas no Brasil. O PL elegeu 99 parlamentares em 2022.
Pesquisas internas do partido mostrariam inclusive que, depois de uma baixa por causa da derrota para Lula e do sumiço quando viajou para os EUA, Bolsonaro agora volta a recuperar popularidade.