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sexta-feira 17 de dezembro de 2021 às 17:44h

Petrobras exerce direito em Sépia, leva Atapu com TotalEnergies e Shell

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A Petrobras obteve a operação em consórcio dos dois blocos ofertados em leilão dos excedentes da cessão onerosa nesta sexta-feira, após ter recorrido ao seu direito de preferência garantido por lei para integrar grupo que venceu a disputa pelo maior ativo: Sépia.

Com a negociação de Sépia e Atapu, o governo irá arrecadar em bônus de assinatura de 11,138 bilhões de reais, além dos percentuais do chamado óleo lucro que tiveram ágios expressivos e definiram os vencedores.

Com o resultado, a Petrobras destacou em nota que “confirma sua posição de liderança no pré-sal brasileiro, de forma consistente com a sua estratégia de concentrar-se na exploração e produção de ativos em águas profundas e ultraprofundas”.

A Petrobras deve receber 6,45 bilhões de dólares por investimentos anteriores realizados nos dois campos, enquanto terá que pagar um valor total de 4,2 bilhões de reais em bônus de assinatura.

Mas a francesa TotalEnergies terminou como o grande destaque do leilão, figurando nos dois consórcios.

Em nota, o presidente global Patrick Pouyanné disse que, com o resultado, a empresa “expande ainda mais sua presença e produção no pré-sal da Bacia de Santos, uma área de crescimento chave para a companhia”.

O consórcio integrado por TotalEnergies, Petronas e Qatar Petróleo arrematou o bloco Sépia, com oferta de óleo lucro de 37,43%, ante percentual mínimo de 15,02%, batendo oferta da Petrobras, de 30,30%.

Após o anúncio da proposta vencedora, a Petrobras exerceu seu direito de atuar como operadora, com 30% de participação no consórcio vencedor. Com isso, a TotalEnergies terá 28%, Petronas 21% e Qatar 21%.

Ao arrematar o bloco de Sépia, o consórcio pagará um bônus de assinatura 7,138 bilhões de reais à União.

Para Atapu, por sua vez, o consórcio integrado por Petrobras como operadora e 52,5% de participação, em parceria com Shell (25%) e TotalEnergies (22,5%), fez a única oferta e arrematou o ativo, com oferta de óleo lucro de 31,68%, ante percentual mínimo de 5,89%.

Ao arrematar o bloco, o consórcio pagará um bônus de assinatura 4 bilhões de reais à União.

Lances agressivos

O leilão foi visto como um teste para checar a disposição de grandes petroleira continuarem gastando muitos recursos em ativos tradicionais.

As autoridades brasileiras, que estavam ansiosas para atrair grandes companhias estrangeiras, consideraram o resultado um sucesso, enquanto analistas disseram que as ofertas apresentadas foram relativamente altas.

“Tivemos um resultado extraordinário para nosso Brasil, que superou as nossas expectativas”, afirmou o diretor-geral da reguladora ANP, Rodolfo Saboia, destacando que o leilão destravou investimentos “de dezenas de bilhões de reais”.
“A grande notícia é que conseguimos obter competição, elevando o percentual de excedente em óleo (à União)”, disse ele, pontuando que o ágio em Sépia atingiu quase 150% e em Atapu 438%. “Com isso garantimos mais recursos que serão destinados à sociedade brasileira no longo prazo.”

Os lances “foram altos, o que reduz os retornos”, disse o chefe de pesquisa upstream para a América Latina da Wood Mackenzie, Marcelo de Assis, destacando que os investidores “foram mais agressivos” do que o esperado.

O sócio da prática de Infraestrutura e Energia do Mattos Filho, Giovani Loss, disse que houve pouca concorrência, mas algo já esperado para o tamanho das áreas ofertadas. No entanto, destacou que a negociação dos blocos, com os valores envolvidos, demonstrou o interesse de grandes petroleiras na indústria do Brasil.

“Foi um resultado positivo… É um sinal muito positivo de que vamos continuar sendo um país muito relevante no cenário de óleo e gás global”, disse Loss.

As ações preferenciais da Petrobras caíam 1,7% nas negociações da tarde na B3, enquanto o índice Bovespa recuava 0,7%.

Ambas as áreas já haviam sido ofertadas em leilão anterior em 2019, mas não houve interesse. À época, questões jurídicas complexas e altos valores cobrados pelas áreas afastaram o interesse de investidores.

Desta vez, os termos da licitação foram considerados mais atraentes, disseram várias fontes do setor à Reuters, em grande parte devido aos grandes cortes nos bônus de assinatura. O Brasil também cortou significativamente valor do óleo lucro mínimo exigido.

“Nós eliminamos as incertezas para que as empresas pudessem participar, com maior segurança jurídica e regulatória e também com previsibilidade”, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Os campos são considerados atrativos, pois já foram declarados comerciais e estão em produção, eliminando risco exploratório. Na véspera, a ANP informou Atapu produziu em novembro 157.793,84 barris de óleo equivalente por dia (boe/d), enquanto Sépia produziu 43.403,11 boe/d.

“Estas são oportunidades únicas de acesso a reservas gigantes de petróleo de baixo custo e baixas emissões, em linha com a nova estratégia da TotalEnergies”, disse em nota o CEO da TotalEnergies.

Sépia e Atapu podem aumentar a produção brasileira de petróleo em 12% na próxima década, segundo o governo.

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