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quinta-feira 3 de outubro de 2024 às 07:53h

Pesquisas apontam segundo turno entre PT e PL em apenas uma capital

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


O PT do presidente Lula da Silva (PT) e o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro se enfrentam no mesmo pleito em apenas oito das 26 capitais brasileiras onde são realizadas as eleições municipais. De acordo com os mais recentes levantamentos da Quaest, os bolsonaristas possuem vantagem no posicionamento dos candidatos, registra Lauriberto Pompeu, do O Globo. Não há, contudo, qualquer domínio das duas siglas no cenário político. Ao contrário, em apenas uma capital há chances elevadas de haver um segundo turno entre nomes de ambos os partidos.

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Entre as oito capitais onde há enfrentamento direto, os candidatos do PL estão na frente do PT em três cidades: Belo Horizonte, Aracaju e Manaus. Já os petistas estão à frente em duas: Goiânia e Vitória. Na capital do Espírito Santo, porém, há chance de o prefeito Lorenzo Pazolini (Republicanos) ser reeleito no primeiro turno. Nas outras três cidades —Fortaleza, João Pessoa e Cuiabá — há empate entre petistas e candidatos do partido de Bolsonaro, mas com vantagem numérica para o PL em Fortaleza e Cuiabá.

Em situação oposta à lógica nacional, há chance de apenas Fortaleza ser sede de uma disputa entre os partidos de Lula e Bolsonaro. A polarização não tem reverberado em muitas cidades nesta eleição. Há também casos nos quais os candidatos do PT e do PL têm preferido mirar em outros adversários locais na disputa.

Em Aracaju, por exemplo, Emília Correia (PL) tem trocado farpas com Yandra Moura (União Brasil) nos debates, em vez de mirar na petista Candisse Carvalho. Yandra tem pontuado mais nas pesquisas e tem mais chance de chegar a um segundo turno contra o PL do que a petista.

Por sua vez, Evandro Leitão (PT) tem poupado críticas a André Fernandes (PL) em Fortaleza, enquanto mira no prefeito José Sarto (PDT), seu ex-aliado e principal concorrente nos votos da esquerda na cidade. Isso também acontece em João Pessoa, onde tanto Luciano Cartaxo (PT) quanto Marcelo Queiroga (PL) têm priorizado as críticas no prefeito Cícero Lucena (PP).

— A dinâmica das eleições municipais é diferente. Os fatos e interesses locais se sobrepõem, na maioria das vezes, à conjuntura nacional. Mas sempre há a organização de campos políticos que se posicionarão articulados nas eleições nacionais — disse a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.

Por sua vez, o deputado federal Jilmar Tatto (PT-SP), secretário de Comunicação do partido, minimizou os resultados ruins da sigla nas pesquisas eleitorais. De acordo com ele, o mais importante para o partido é garantir uma aliança partidária para a candidatura à reeleição de Lula em 2026. O deputado disse que o “PT já é um partido nacional, já tem candidato a presidente da República em 2026” e que “essa eleição não estremeceu as bases do governo Lula”.

— Não está ruim a estratégia do Lula de não se expor muito no primeiro turno. No segundo tem cidades que vai ser contra a extrema-direita, contra o bolsonarismo e o Lula vai estar. Tem cidades que, se for com o centro, e se fizer parte do palanque do governo Lula, o presidente vai apoiar.

O senador Rogério Marinho (PL-RN), secretário-geral do partido e que está licenciado do mandato para organizar as estratégias da sigla nestas eleições, avalia que a nacionalização acabou não prevalecendo porque o seu partido optou por ter acordo com legendas aliadas em muitas cidades. O parlamentar também declarou que o fato de a esquerda não ter alternativa a Lula como uma liderança nacional é sinal de fragilidade.

— Nós (PL) lançamos candidatos em 14 capitais, não foram nas 26, visando a necessidade de fazermos a negociação e buscarmos afinidade no nosso campo em várias capitais, buscando apoiar várias forças que têm identidade conosco. O PT está cada vez mais frágil na eleição municipal. O PT é hoje um partido de pequenas cidades.

Em Cuiabá, Abilio Brunini (PL) e Lúdio Cabral (PT) disputam uma vaga para chegar ao segundo turno contra Eduardo Botelho (União Brasil), que lidera as pesquisas.

O mesmo acontece em João Pessoa, onde Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e outro candidato — Ruy Carneiro (Podemos) — tentam minar o favoritismo do atual prefeito, Cícero Lucena (PP).

— Os graves fatos que ocorrem na cidade de João Pessoa, onde o crime organizado se associou a gestão municipal, conforme apurado nas operações Território Livre e Mandaré, acabou por atenuar a polarização nacional. Assim, a discussão local prevaleceu sobre a temática nacional — disse Queiroga ao justificar o teor de sua campanha. Lucena tem negado qualquer vinculação com o crime organizado.

O ex-prefeito de Vitória João Coser (PT), que tenta voltar ao cargo neste ano, tem entrado em mais brigas com o prefeito e candidato à reeleição Lorenzo Pazolini (Republicanos) do que com o candidato do PL, Capitão Assumpção, que chegou a ser preso por suspeita de participar de atos antidemocráticos.

Coser, que tenta evitar uma vitória em primeiro turno do prefeito, admite que deixa o candidato do PL de lado na disputa.

— Nosso principal adversário nesta eleição é o atual prefeito, que é do Republicanos. Desde o início da campanha eleitoral ocupamos as duas primeiras posições nas pesquisas de intenção de voto e, ao que tudo indica, levaremos essa disputa para o segundo turno. Por outro lado, o candidato do PL está em quarto lugar nas pesquisas. Dessa forma, não justifica fazermos um enfrentamento direto a ele neste momento.

Por outro lado, o líder do PL na Câmara, Altineu Cortes, que também é presidente estadual do partido no Rio, diz que o partido de Lula vai ter um saldo negativo nas disputas, mesmo em cidades onde o PL não tem candidato.

— A gente está derrotando o PT de qualquer maneira. Onde a gente não teve possibilidade de lançar candidato, estrategicamente em São Paulo, óbvio que a vontade do PL era eleger um prefeito do PL em São Paulo, mas em não sendo possível, o mais importante para a gente é derrotar o Boulos, fazer uma aliança com um partido de centro, que é aliado do governador (de São Paulo) Tarcísio.

Ainda que esteja fora da disputa nas principais cidades, Tatto considera que o PT pode ter resultado bom nas eleições com a chance de partidos aliados vencerem.

— A principal cidade do Brasil é São Paulo, onde o PT abriu mão. Por que abriu mão? Para fazer aliança (com Guilherme Boulos, do PSOL). A segunda principal cidade o PT abriu mão (para apoiar Eduardo Paes, do PSD). Na terceira principal, que é Belo Horizonte, o PT está disputando com Rogério Correia. Se não der certo, o atual prefeito (Fuad Noman, do PSD) é da base, o PT vai apoiar ele no segundo turno. Lógico que gostaríamos que fosse o PT. Mas, do ponto de vista do nosso projeto de poder, nós não vamos sair derrotados.

Fortaleza

Evandro Leitão (PT) x André Fernandes (PL).
Quaest: Evandro 23% e André 25%

Belo Horizonte

Rogério Correia (PT) x Bruno Engler (PL)
Quaest: Mauro Tramonte (Republicanos) 27%, Bruno Engler 21%, Fuad Noman (PSD) 20%, Duda Salabert (PDT) 8%, Gabriel Azevedo (MDB) 5%, Rogério Correia 5%.

Aracaju

Candisse Carvalho (PT) x Emília Correia (PL)
Quaest: Emília Correia 36%, Yandra (União Brasil) 18%, Luiz Roberto (PDT) 13%, Delegada Danielle (MDB) 10%, Candisse Carvalho 8%.

Cuiabá

Lúdio Cabral (PT) x Abílio Brunini (PL).
Quaest: Eduardo Botelho (União Brasil) 33%, Abílio 26%, Lúdio 20%.

Goiânia

Delegada Adriana Accorsi (PT) x Fred Rodrigues (PL)
Quaest: Sandro Mabel (União Brasil) 24%, Adriana 22%, Vanderlan (PSD) 15%, Fred 9%

João Pessoa

Luciano Cartaxo (PT) x Marcelo Queiroga (PL)
Quaest: Cícero Lucena (PP) 49%, Ruy Carneiro (Podemos) 14%, Cartaxo 11%, Queiroga 11%

Manaus

Marcelo Ramos (PT) x Capitão Alberto Neto (PL)
Quaest: David Almeida (Avante) 38%, Roberto Cidade (União Brasil) 19%, Amom Mandel (Cidadania) 15%, Capitão Alberto Neto 13%, Marcelo Ramos 6%.

Vitória

João Coser (PT) x Capitão Assumpção (PL)
Quaest: Lorenzo Pazolini 53%, Coser 15%, Luiz Paulo (PSDB) 8% e Capitão Assumção 5%.

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