Uma pesquisa feita pela Quaest em dezembro, e publicada na sexta-feira (5), mostrou que 89% dos brasileiros condenam os atos do 8 de janeiro do ano passado. Um percentual menor do que os 94% registrados pela mesma Quaest em fevereiro passado. Mas, ok, é um resultado acachapante ainda assim.
No entanto, segundo a coluna de Lauro Jardim, do O Globo, o que de fato choca na pesquisa é a resposta a um outro questionamento sobre a percepção do brasileiro em relação aos atos do dia 8. É quando a Quaest pergunta qual foi a influência de Jair Bolsonaro (PL) naquilo tudo o que ocorreu.
Os números são desanimadores. Revelam que os brasileiros estão rachados também em relação a algo que deveria ser óbvio, cristalino. Ou seja, a influência do Bolsonaro para que aquela quebradeira toda na sede do Supremo, no Palácio do Planalto e no Congresso tivesse acontecido.
De acordo com a pesquisa, 47% dos brasileiros acham que Bolsonaro teve influência no episódio, contra 43% que o isentam de culpa. Um empate técnico quando se considera a margem de erro.
A pergunta não era se Bolsonaro havia ordenado o vandalismo ou se ele teve participação direta na preparação dos ataques aos prédios dos Três Poderes. A pergunta era mais aberta, menos específica. Se queria saber apenas se Bolsonaro teve influência. E, sobre esse ponto, não deveria restar a menor dúvida. Bolsonaro passou o governo inteiro cultivando o ódio dos seus seguidores ao STF e lançando dúvidas sobre as urnas eletrônicas e sobre o processo eleitoral.
O resultado dessa pesquisa da Quaest significa ainda de acordo com Lauro Jardim, do O Globo, uma derrota para a democracia. Mostra também que o bolsonarismo está bravamente resistindo com seu discurso de que os episódios de um ano atrás podem ter sido uma armação do governo Lula da Silva (PT).
Aumentou o número de brasileiros convencidos que Bolsonaro não teve qualquer responsabilidade no 8 de janeiro. Na pesquisa feita pela Quaest em fevereiro, com os acontecimentos ainda fervendo, 38% dos brasileiros não acreditavam que Bolsonaro tivesse algum tipo de envolvimento nos atos. Agora, este percentual subiu para 43%. E os que acreditavam que ele teve alguma influência caíram de 51% pra 47%. Alguma dúvida de que o discurso subterrâneo do bolsonarismo tem sido exitoso?
Conforme o colunista, entre os mais escolarizados e entre os mais ricos, já é maioria o grupo que acha que o Bolsonaro nada teve a ver com o 8 de janeiro.