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Manifestantes protestam pelo segundo dia consecutivo em Tel Aviv — Foto: AHMAD GHARABLI/AFP
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domingo 31 de março de 2024 às 18:52h

Pelo segundo dia consecutivo, dezenas de milhares protestam em Israel contra Netanyahu

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Dezenas de milhares de manifestantes israelenses saíram às ruas neste domingo (31), pelo segundo dia consecutivo, exigindo a libertação de todos os reféns detidos na Faixa de Gaza, a realização de novas eleições para o Parlamento e a destituição do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que no momento está operando uma hérnia. Neste domingo, manifestantes se reuniram em frente ao Knesset, centro do Poder Legislativo do país, e bloquearam a principal estrada de Jerusalém. Segundo os organizadores, cem mil pessoas participaram dos atos, o maior número desde o início do conflito com o grupo terrorista Hamas, em outubro. Muitas delas armaram tendas nos arredores do Knesset, prometendo continuar as manifestações no local até quarta-feira.

Pais de soldados mantidas como reféns se reuniram mais cedo com Netanyahu, mas o balanço final do encontro foi, segundo eles, frustrante:

— Depois de seis meses, esperávamos e esperamos receber um pouco de ar e boas notícias sobre o progresso nas negociações, mas infelizmente não recebemos essas notícias — disse o pai da refém Naama Levy, Yoni, em entrevista à rádio das Forças Armadas de Israel. — Tínhamos muitas expectativas para essa reunião, mas, infelizmente, para nós e para os reféns, não houve boas notícias. O espírito das coisas não era otimista.

Em coletiva de imprensa antes de partir para a cirurgia, Netanyahu rebateu os clamores dos manifestantes pela realização de novas eleições gerais. Segundo o premier, um pleito neste momento, que ele classifica como o “anterior à vitória” de Israel, paralisaria o país e beneficiaria o Hamas.

— Isso paralisaria as negociações para a libertação de nossos reféns e poria fim à guerra antes que os objetivos fossem completamente alcançados. O primeiro a se beneficiar disso é o Hamas, e isso diz tudo — disse Netanyahu, reafirmando a promessa de trazer todos os reféns de volta, “homens e mulheres, civis e soldados, os vivos e as vítimas”. — Não deixarei ninguém para trás.

Questionado sobre as negociações com o grupo terrorista para libertar os reféns que ainda estão no enclave, Netanyahu afirmou que “nem todas as exigências” devem ser atendidas.

— Não estou interessado em parecer que estou me esforçando [para recuperar os reféns], mas em ter sucesso [nisso] — disse. — Nem todas as exigências feitas pelo Hamas, algumas das quais são delirantes e muito perigosas, precisam ser aceitas.

Neste domingo, Osama Hamdan, um dos dirigentes do Hamas no Líbano, declarou que não houve qualquer progresso nas negociações para a entrega dos reféns. Em entrevista ao canal de TV catari al-Jazeera, Hamdan afirmou que Israel está procrastinando nas respostas e não estabeleceu nenhum compromisso com os mediadores para viabilizar a questão.

Primeiros protestos

Na noite de sábado, já haviam sido registrados protestos maciços em Tel Aviv, Cesareia, Jerusalém, Raanana e Herzliya, no que foi considerada uma das maiores manifestações contra o governo desde outubro, quando o ataque liderado pelo grupo terrorista Hamas contra Israel deu início a uma guerra no enclave palestino.

Tel Aviv tem sido palco de manifestações semanais que pedem que o governo chegue a um acordo de cessar-fogo para libertar os reféns mantidos em Gaza desde outubro. Os protestos vêm crescendo à medida que a guerra se arrasta e a raiva contra o governo de Netanyahu aumenta.

Na noite de sábado, os sons de apitos, buzinas e tambores encheram o ar da capital, juntamente com os cantos da multidão. Os manifestantes agitavam bandeiras e carregavam fotos dos reféns israelenses com cartazes que diziam “Acordo de [libertação dos] reféns agora”. Outros deixavam clara a raiva dirigida contra Netanyahu pela situação das pessoas mantidas em cativeiro — um deles dizia “Destitua-o, salve-os”.

— Chegou o momento de sair para lutar contra a indiferença e pela vida. Eu peço que saiam às ruas ao nosso lado e façam ouvir uma voz unida e clara. Tragam eles para casa agora — afirmou Shira Elbag, que teve a filha de 19 anos, Liri, sequestrada em 7 de outubro.

As manifestações realizadas na Rua Kaplan, na capital, também pediram a realização imediata de eleições gerais. Um vídeo mostra policiais tentando conter a multidão perto do Portão Begin, uma entrada para o quartel-general militar de Kirya na cidade. Uma faixa carregada pelos manifestantes declarava: “Ninguém vai embora! Marcharemos até Jerusalém e permaneceremos lá até que o governo se dissipe”.

Em outra manifestação na agora chamada Praça dos Reféns, reféns libertados pelos Hamas instaram as autoridades israelenses a intensificarem os esforços para trazerem de volta todos aqueles que ainda estão sendo mantidos em cativeiro em Gaza.

Aviva Siegel, uma das pessoas libertadas, fez um apelo emocionado às autoridades para agirem rapidamente na soltura de seu marido e outros reféns. Ela enfatizou a angústia vivida por eles e suas famílias.

Em sua missa tradicional de Páscoa, o Papa Francisco reiterou o pedido de libertação dos reféns e de um cessar-fogo imediato. Francisco denunciou que a “guerra é sempre um absurdo e uma derrota”.

— Reitero meu apelo para garantir a possibilidade de acesso humanitário a Gaza, pedindo mais uma vez a rápida libertação dos reféns sequestrados em 7 de outubro e um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza — disse o Pontífice argentino de 87 anos, em meio a preocupações sobre sua saúde.

Confusões e prisões

Pressionado pela comunidade internacional, incluindo o governo dos Estados Unidos, seu principal seu aliado, e pelas famílias dos reféns, Netanyahu anunciou na sexta-feira que aprovou uma nova rodada de negociações, em Doha e no Cairo, nos próximos dias”. Segundo um jornal egípcio próximo ao governo e às forças de segurança, as conversas devem ser retomadas ainda neste domingo.

No decorrer da noite de sábado, houve algumas brigas. A polícia disse que, embora a manifestação fosse em grande parte pacífica, “várias centenas de manifestantes” haviam violado a ordem pública ao acender fogueiras, bloquear uma rodovia e confrontar a polícia. Os policiais usaram um canhão de água para dispersar alguns manifestantes de uma rodovia e efetuaram 16 prisões, de acordo com a polícia.

Na cidade costeira de Cesareia, os manifestantes desafiaram as barricadas policiais para marcharem em direção à casa de Netanyahu, gritando palavras de ordem contra o governo: “Não há perdão para o anjo da destruição” e “Não há perdão para os fracassos e o abandono”.

O Fórum de Reféns e Famílias Desaparecidas anunciou que o próximo protesto ocorrerá em frente ao Knesset, o Parlamento israelense, em Jerusalém.

Novos bombardeios em Gaza

Em Gaza, sitiada e ameaçada pela fome, forças israelenses realizaram dezenas de bombardeios neste domingo. Pelo menos 75 pessoas foram mortas nas primeiras horas da manhã, totalizando 32.782 desde o início da guerra, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, no poder em Gaza desde 2007. No front, os combates se concentram atualmente nas imediações dos hospitais, a maioria fora de serviço, onde o Exército israelense afirma que membros do Hamas estão escondidos.

Apesar de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que pede um cessar-fogo imediato, os combates não cessaram no pequeno enclave palestino, quase seis meses após o início da guerra, que foi desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.200 mortos e fez 240 reféns.

A guerra forçou a maioria dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza a se deslocar e agora eles estão ameaçados pela fome, de acordo com a ONU, que lamenta a falta de ajuda humanitária para a população. No sábado, uma flotilha partiu do Chipre em direção a Gaza com 400 toneladas de ajuda humanitária por meio de um corredor marítimo aberto em meados de março.

De acordo com a Sociedade do Crescente Vermelho Palestino, cinco palestinos foram mortos por tiros e em uma debandada durante uma distribuição de alimentos na Cidade de Gaza, um sinal do desespero da população. Incidentes semelhantes nas últimas semanas deixaram mais de 100 pessoas mortas.

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