quarta-feira 25 de dezembro de 2024
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e o senador Otto Alencar (PSD-BA) — Foto: Mário Agra / Câmara dos Deputados e Jefferson Rudy/Agência Senado
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terça-feira 24 de setembro de 2024 às 07:30h

Pedidos de impeachment de Alexandre de Moraes colocam PL e PSD em rota de colisão

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Envolvidos em uma disputa pelo posto de partido com mais prefeituras pelo Brasil, o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, e o PSD, sigla dirigida por Gilberto Kassab, abriram uma nova frente de disputa em torno de pedidos de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Depois de parlamentares bolsonaristas sugerirem um boicote a candidatos do PSD, alegando que a sigla estaria bloqueando um processo contra Moraes no Senado, lideranças da sigla de Kassab reagiram com uma cobrança para que apoiadores de Bolsonaro em outras siglas, como no PP e no próprio PL, também sejam instados a se posicionar.

No sábado, o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) divulgou um vídeo no qual se refere ao PSD como “inimigo escondido” do bolsonarismo. Nikolas centrou críticas especialmente no presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e em Kassab, por uma suposta blindagem a Moraes. O deputado também instou eleitores bolsonaristas a não votarem em candidatos a prefeito apoiados por senadores que não se posicionaram a favor do impeachment de Moraes. Pacheco, por exemplo, apoia a reeleição do prefeito de Belo Horizonte, Fuad Noman (PSD), que disputa uma vaga no segundo turno contra o bolsonarista Bruno Engler (PL), aliado de Nikolas.

O parlamentar também ameaçou um boicote de Bolsonaro à candidatura de Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e pelo PSD de Kassab, seu secretário estadual de Governo.

— Kassab está apoiando o Nunes em São Paulo. Ou seu partido é favorável ao impeachment, ou a direita não votará em seu candidato em São Paulo — disse Nikolas.

A pressão do bolsonarismo já levou ao menos um candidato do PSD em capitais, o senador Vanderlan Cardoso, a declarar voto favorável ao impeachment de Moraes. Vanderlan concorre à prefeitura de Goiânia e disputa o voto da direita com candidatos como Sandro Mabel (União) e Fred Rodrigues (PL).

No domingo, Vanderlan republicou um vídeo em que o próprio Nikolas elogia seu posicionamento e cobra Kassab, dizendo que “a bola está na mão” do dirigente.

Em resposta à pressão do PL, o senador Otto Alencar (PSD-BA) gravou um vídeo com críticas à atuação da sigla de Bolsonaro no Senado, dizendo que “não é hora de tergiversar”.

Procurado pelo GLOBO, Alencar disse que o PSD liberou sua bancada para que cada senador se posicione como achar conveniente, e questionou bolsonaristas “por que não cobram” senadores como Ciro Nogueira (PP-PI), ex-chefe da Casa Civil no governo Bolsonaro, e Romário (PL-RJ), correligionário do ex-presidente. Ambos tampouco assinaram o pedido de impeachment contra Moraes.

Na avaliação do senador do PSD, o movimento do PL mostra “falta de inteligência”.

— Bolsonaro achou que dava voto falar mal do Judiciário e um rebanho de políticos seguiu o mesmo caminho. Esse negócio de bater no Moraes não vai decidir eleição municipal em lugar nenhum. Kassab jamais fecharia questão, porque respeita os senadores — afirmou Alencar.

‘Meter um ferro’

No Rio, o movimento anti-PSD vem sendo abraçado por correligionários de Alexandre Ramagem (PL), que ainda nutre esperanças de forçar um segundo turno contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD). Para aliados de Kassab, contudo, a retórica bolsonarista tem pouco efeito em cenários onde o prefeito é bem avaliado, caso de Paes.

Antes da ofensiva atual, o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, já havia exposto a intenção de “meter um ferro” em Kassab na eleição deste ano, referindo-se à primazia no número de prefeituras. O dirigente do PSD, que tem alianças com o bolsonarismo em São Paulo, tem evitado um embate direto com o PL e reforçado ter boa relação com Valdemar.

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