domingo 22 de dezembro de 2024
Salão térreo do Palácio do Planalto após atos de vandalismo — Foto: Adriano Machado/Reuters
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segunda-feira 8 de maio de 2023 às 04:56h

Partidos querem usar CPI de 8/1 como vitrine eleitoral para 2024

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Ainda sem data para começar, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos de vândalos em 8 de janeiro, tem sido considerada por alguns partidos segundo  Gabriel Sabóia, do O Globo, como vitrine para parlamentares de olho em eleições futuras, como costuma ocorrer nesses colegiados. Tanto siglas da base quanto da oposição deverão preencher as vagas na comissão mirando os planos políticos traçados para os parlamentares nas urnas.

É o caso, por exemplo, do PL, que deverá indicar o deputado André Fernandes (CE), autor do requerimento que criou a CPI Mista. Deputado federal mais votado no Ceará nas últimas eleições, ele é visto internamente como potencial candidato à prefeitura de Fortaleza no ano que vem. Além da visibilidade na comissão, a intenção da sigla é intensificar a presença dele em agendas com o ex-presidente Jair Bolsonaro, principal cabo eleitoral do partido nas eleições de 2024.

Outro nome que deve aproveitar a participação na CPI para voos mais altos é o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), que foi diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Bolsonaro. O plano para ele, por enquanto, não passa pelas urnas, mas pelo voto dos colegas para se tornar presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara. Pelo acordo firmado no início do ano, o comando do colegiado será revezado entre os partidos.

Segundo o líder do PL, deputado Altineu Côrtes (RJ), os parlamentares terão oportunidade de mostrar trabalho na CPI e, assim, se cacifar para os cargos pleiteados.

— O André Fernandes, por exemplo, foi o deputado mais votado no seu estado, enquanto o Ramagem preenche os requisitos que o partido considera necessários para a CCJ, mas tudo será decidido à frente — afirma Côrtes.

Parlamentares que são apostas dos partidos para a CPI do dia 8 de janeiro — Foto: Editoria de Arte

Recorde de audiência

Dirigentes de partidos lembram que a CPI da Covid, em 2021, que bateu recordes de audiência na TV Senado, serviu para alavancar parlamentares que tiveram papel de destaque. O principal exemplo é o da então senadora e atual ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB-MS). Ela se notabilizou na época por colocar na parede alguns dos depoentes. No ano seguinte, venceu resistências internas no seu partido para se candidatar ao Palácio do Planalto, conquistando o terceiro lugar, atrás apenas de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL).

Pensando nisso, o Republicanos reservou uma cadeira na CPI do 8 de janeiro para a senadora Damares Alves (DF), ex-ministra de Bolsonaro. Integrantes da sigla dizem acreditar que o palco da comissão poderá ajudá-la a se viabilizar para a disputa pelo governo do Distrito Federal, em 2026. Ela apoiou a reeleição de Ibaneis Rocha (MDB), que não poderá disputar um novo mandato.

Já no MDB, dois dos nomes cotados para integrar a CPI têm planos eleitorais no ano que vem. O senador Eduardo Braga (AM) foi sondado pelo Palácio do Planalto para presidir o colegiado. Ele cogita disputar a prefeitura de Manaus em 2024. Na Câmara, um dos que podem integrar a comissão é o deputado Rafael Brito (AL), que deve se candidatar a prefeito em Maceió.

Do lado governista, o PSOL é outro que deve adotar a estratégia ao escalar o deputado Pastor Henrique Vieira (RJ) para a vaga na CPI. Ele é visto como potencial nome para a prefeitura do Rio. Líder do partido na Câmara, Guilherme Boulos (SP), pré-candidato a prefeito de São Paulo, por sua vez, terá direito à fala e também poderá usar a comissão para alavancar sua empreitada política.

A deputada Duda Salabert (PDT-MG), indicada para a vaga do seu partido, também é uma aposta futura da sua sigla. O partido a vê como potencial candidata ao Senado em 2026, e o desempenho na CPI é visto como crucial para tornar o seu nome ainda mais conhecido pelo eleitorado.

Na contramão desses partidos, o líder do PT na Câmara, Zeca Dirceu (SP), afirmou que o futuro político de seus parlamentares não será critério para a escalação da CPI.

— Na bancada do PT, não usaremos esse critério. Acredito que o que vai e deve impulsionar nossos nomes nas próximas eleições são as ações positivas que estão em curso no Congresso e no governo — afirmou ele.

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