Presidentes de alguns dos maiores partidos do país dizem que a cota para negros, somada à de mulheres, criou confusão política e contábil.
Eles afirmam conforme reportagem do jornal Folha de S. Paulo, que a decisão de última hora do STF vai provocar uma enorme lista de candidatos com muito dinheiro público e poucos votos, gerando suspeitas de laranjas.
Dirigentes ouvidos pelo Painel já falam em mobilização para revisão das cotas no Congresso, além de articulação para anistia a eventuais punições por não cumprir regras de repasses.
“O que mais atrapalhou foi a mudança com o jogo rolando. Os recursos estavam moralmente distribuídos e tudo teve que ser redimensionado”, afirmou Bruno Araújo, presidente do PSDB.
Alguns dirigentes chegaram a propor um boicote à decisão do Supremo, mas não vingou. Os partidos reclamam que há questões sem definição, que vão depender do entendimento da Justiça na análise de prestação de contas.
Delegado Waldir (GO), um dos que comandam a divisão da verba do PSL, diz que, nesse ritmo, haverá escalada de cotas, como para mulheres grávidas, deficientes. “Desse jeito, estão forçando as pessoas a serem candidatas. Elas vão acabar virando laranjas. Agora, laranjas negros”.
Baleia Rossi, presidente do MDB, defende que, em vez de cotas, se reserve assentos nos parlamentos para candidaturas femininas. Movimentos negros e de mulheres tendem a resistir de forma ferrenha a tentativas de mudanças.
“Entendo e respeito o ponto de vista deles [partidos]. Porém, aumentar o espaço de mulheres e de negros na política afeta o status quo dominante e é normal que cause algum desconforto. Considero, no entanto, que são passos imprescindíveis para empurrarmos a história na direção certa”, disse Luís Roberto Barroso, presidente do TSE.