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domingo 29 de dezembro de 2019 às 14:30h

Partidos de centro buscam nome que rivalize com Bolsonaro e Lula em 2022

DESTAQUE, POLÍTICA


O centro político tem estrutura partidária, recursos e candidaturas potencialmente fortes para a disputa das eleições de 2020 e 2022, mas vai precisar mais do que isso para romper a polarização, sobretudo nas capitais. Para ter alguma chance de derrubar candidaturas de esquerda ou de direita — sobretudo na disputa presidencial, daqui a três anos —, será preciso construir união em torno de um nome com poder de liderança e com ideologia e gestão bem definidas.

A formatação de uma candidatura centrista para as eleições presidenciais passa, inevitavelmente, por 2020 conforme reportagem do jornal Correio Braziliense.

O pleito para prefeitos e vereadores é o principal recurso no curto prazo para pavimentar o processo, sustenta o estrategista eleitoral Rosano Garbin, sócio da consultoria Lógicas, Táticas e Estratégias. “É um passo necessário para ter uma caixa de ressonância nos municípios que espalhe suas políticas. Do contrário, não vão ter narrativa para convencer a população”, alerta.

No papel, é possível o centro romper a polarização e emplacar um candidato. As viagens feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizam movimentos na busca por protagonismo. Contudo, Garbin acredita que ele não tem a liderança popular necessária. “O centro faz de tudo para ter espaço, mas, dificilmente, vai ter isso, porque não há uma grande liderança. O ACM Neto (prefeito de Salvador e presidente do DEM), por melhor que seja, não reproduz a influência do ACM ‘vô’”, justifica.

Outra qualidade que o centro precisará mostrar é a defesa de uma ideologia bem construída, seja de esquerda, seja de direita. É o que faz, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro, com uma narrativa em defesa dos valores familiares, cristãos e, mais recentemente, desde as eleições, da liberdade econômica. Na visão do governo, só uma postura semelhante ameaçaria sua reeleição. Para a esquerda, o centro precisa flexibilizar a defesa da política econômica liberal e buscar um equilíbrio mais próximo do social. Caso contrário, ambos os polos acreditam que a disputa em 2022 ficará, novamente, entre os extremos.

Contudo, por mais que o centro — especialmente a centro-direita — busque fórmulas diferentes em busca da vitória, é muito improvável superar a polarização no cenário atual. É o que avalia o senador Esperidião Amin (PP-SC), líder do bloco parlamentar Unidos pelo Brasil, que representa quase 1/4 do Senado. “Neste momento, é impossível furar. Por quê? Porque Lula é o grande vitorioso por sair? Não. Ele sofreu sua maior derrota ao sair da cadeia. O único beneficiário disso tudo foi o Bolsonaro. Viu que ele já até ficou com bom humor depois disso? Ele não precisou dizer nada. O Lula falou por ele, e consumou a polarização”, avalia.

O senador afirma que todos no centro estarão elaborando candidaturas em 2020 pensando em 2022 e admite haver uma procura para definir uma chapa única do centro. “Tem dois ou três tentando se habilitar. O centro pode ser uma solução, gostaria que fosse, mas, neste cenário, não tem terceiro lugar. Se mudar o cenário, aí é outra avaliação, não sou profeta”, frisa Amin.

União 

Já o senador Otto Alencar (PSD-BA), líder do partido na Casa, é mais otimista. Na opinião dele, a polarização não fecha as portas para o surgimento de um candidato de centro. Nomes como Maia, o governador de São Paulo, João Doria, o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Ciro Gomes despontam como favoritos para ocupar o espaço, acredita o parlamentar. “Estou sonhando com um novo presidente de centro. O Brasil precisa de um novo Juscelino Kubitschek, alguém que olhe para o futuro e conviva bem com diferenças ideológicas e partidárias. Alguém com um espírito democrático e conciliador”, ressalta. “Essa renovação pode ser que venha da união entre esses quatro. A polarização só vai adiante se a posição de um e de outro for a de olhar para o próprio umbigo.”

O deputado Celso Sabino (PSDB-PA), eleito líder do partido na Câmara para 2020, avalia que Doria é uma importante opção da legenda para 2022, mas diz haver outros grandes nomes na sigla, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. De toda maneira, ele confia na possibilidade de o centro superar a polarização. “Vamos eleger prefeitos para pavimentar o caminho para as próximas eleições. Diria que 2020 será um aperitivo do que virá em três anos”, projeta. Apesar de boa parte da sociedade ainda transitar entre os extremos, o parlamentar defende uma terceira via. “É necessário a ponderação, sem radicalismo, com a adoção de uma agenda liberal, mas sem esquecer a questão social”, destaca.

As eleições municipais vão dar um pouco do alinhamento da polarização em 2022, mas o deputado Efraim Filho (DEM-PB), escolhido líder do partido por aclamação para o ano que vem, concorda que é possível romper os polos. “Acredito que vamos ver uma divisão maior nesse espectro ideológico e de posicionamento político. O pleito municipal dará o tom desse reposicionamento ideológico e trará um equilíbrio maior entre as forças políticas nas disputas, mas não acredito que vá se repetir o cenário das eleições de 2018, entre PSL e PT”, afirma. Ele aposta, inclusive, que o DEM sairá fortalecido no próximo ano. “Estamos investindo de forma planejada e estratégica para que essas forças nas capitais e nos municípios nos deem envergadura política para nos permitir o protagonismo em 2022”, frisa.

“Estou sonhando com um novo presidente de centro. O Brasil precisa de um novo Juscelino Kubitschek, alguém que olhe para o futuro e conviva bem com diferenças ideológicas e partidárias”Otto Alencar, senador

“Tem dois ou três tentando se habilitar. O centro pode ser uma solução, gostaria que fosse, mas, neste cenário, não tem terceiro lugar”Esperidião Amin, senador

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