Depois de eleger apenas um prefeito e 29 vereadores em 2020, o Novo se prepara para disputar a eleição com estratégia similar à de outros partidos de pequeno porte no país. A sigla abandonou o purismo que a fazia não aceitar detentores de mandato eletivo filiado a outros partidos e aceitou em suas fileiras 150 vereadores e três prefeitos. A flexibilidade também leva o Novo a formar alianças com partidos do campo da direita e a lançar mais candidaturas. Ao contrário do que fez em eleições anteriores, o partido também usará os recursos do fundo eleitoral, informa César Felício, do jornal Valor.
“Em 2020, o partido disputou a prefeitura em 46 municípios. Este ano deverão ser cerca de 600”, afirmou o presidente nacional da sigla, Eduardo Ribeiro. O dirigente não estima quantos vereadores o Novo projeta eleger, mas ressalta que há 5 mil pré-candidatos. Em relação a prefeitos, a meta é vencer em 80.
Registrado em 2014, o Novo surpreendeu nas eleições de 2018, vencendo em Minas Gerais com Romeu Zema e obtendo 2,5% para presidente com João Amoêdo, quinto colocado. Até então, o partido tinha extremo rigor em relação a eleições: não usava fundos públicos, não aceitava políticos veteranos de outros partidos e não fazia alianças.
O apoio ao governo Bolsonaro, nas votações no Congresso e na participação de integrantes da sigla em cargos de segundo escalão no Ministério da Economia, rachou o partido. De lá para cá, o único traço que segue sem alterações é a linha de defesa irrestrita da economia de mercado. O conservadorismo nos costumes, contudo, que não era um traço relevante em 2018, ganhou mais força agora.
Um exemplo do pragmatismo do Novo é Santa Catarina. Em Florianópolis, a sigla apoiará a reeleição de Topazio Neto, do PSD, que deve ter o endosso da maioria de partidos da direita. Em Blumenau e Joinville, cidades maiores que a capital, o Novo pretende ter reciprocidade.
Ao todo, o Novo terá candidato a prefeito em 14 capitais, nenhuma delas em vantagem. O partido deve apoiar o PSD em Curitiba, compondo a coligação do vice-prefeito Eduardo Pimentel. O partido tinha opções para a eleição na capital paranaense: o ex-deputado Deltan Dallagnol ou sua mulher, Fernanda. E em João Pessoa, espera formar uma chapa com o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, fornecendo a vice na chapa do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga.
Em 2020 o Novo disputou prefeituras de 46 municípios; agora serão cerca de 600
Nas capitais do Sul e Sudeste o partido selecionou três mulheres para a disputa, todas em situação pouco competitivas nas pesquisas: Luisa Barreto, em Belo Horizonte; Marina Helena, em São Paulo e Carolina Sponza, no Rio de Janeiro.
No caso de Minas Gerais, em função do Novo já ter nomes para 2026 nas majoritárias, a perspectiva de aliança é maior. Em Minas o atual governador Romeu Zema pode disputar o Senado e o vice-governador, Mateus Simões, deve disputar o governo no exercício do cargo. Em Porto Alegre, o Novo projeta lançar o deputado estadual Felipe Camozzato.
O partido também lançará mulheres em Macapá (Sharon Dyan) e Manaus (Maria do Carmo Albuquerque). Em Belém, Porto Velho e Rio Branco, a sigla marcará presença com Italo Abati, Ricardo Frota e Emerson Thomaz.
No Nordeste, o principal candidato do Novo será o senador Eduardo Girão em Fortaleza. O desafio para Girão será se destacar em uma direita congestionada por candidaturas próprias do União Brasil (Capitão Wagner) e PL (André Fernandes). Ainda haverá candidatos próprios em Aracaju (José Paulo Silva), Teresina (Tonny Kerley) e Recife (Técio Teles).
No Centro-Oeste, o partido lança Humberto Figueiró em Campo Grande, Leonardo Rizzo em Goiânia e Reginaldo Teixeira em Cuiabá.