O Porto de Paranaguá (PR) viveu um momento histórico em setembro deste ano. Fretado pela Cargill, o navio cargueiro Pyxis Ocean, literalmente movido a vento, por meio de velas metálicas e que gera redução de até 30% no consumo de combustível, atracou no cais paranaense para embarcar 63 mil toneladas de farelo de soja com direção à Polônia. Foi a primeira vez que o País recebeu esse tipo de embarcação verde. O episódio marcou o reconhecimento às ações sustentáveis desenvolvidas no terminal portuário paranaense, considerado referência mundial em sustentabilidade. As informações são de Sérgio Viera, do jornal, IstoÉ Dinheiro.
“Fomos escolhidos para receber o navio pelas nossas melhores práticas ambientais. E estamos incentivando essas ações, inclusive oferecendo vantagens operacionais a navios com pegada sustentável”, disse à DINHEIRO Luiz Fernando Garcia, diretor-presidente da empresa pública estadual Portos do Paraná, responsável pela gestão de Paranaguá e Antonina.
O executivo embarca no início de dezembro para Dubai, quando irá participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-28) e apresentar os programas ambientais desenvolvidos no terminal.
É a quarta vez consecutiva que a Portos do Paraná representa o setor portuário mundial no fórum da ONU sobre o clima. “Temos projetos de recuperação de áreas degradadas e de descarbonização. Firmamos parceria com a Fundación Valenciport (da Espanha) e queremos levantar quanto a comunidade portuária daqui emite de carbono, para poder mitigar e neutralizar as emissões.” O levantamento deve estar concluído até dezembro do ano que vem.
Para avançar na eficiência de logística e na redução de emissão de gases de efeito estufa, a autoridade portuária pretende investir R$ 592 milhões na construção de um sistema mais eficiente e centralizado, conhecido como Moegão, para descarga dos trens que chegam ao porto.
Hoje somente 20% das cargas chegam a Paranaguá pelo modal ferroviário. O objetivo é que, em até 25 anos, haja uma equivalência entre trens e caminhões.
“Temos 11 terminais que recebem os trens. Fizemos, então, para tirar esses desvios e concentrar a carga ferroviária em um único ponto, e daí ela segue para os terminais por correias aéreas”, disse. “Assim evitaríamos os transtornos que o trem causa com manobras. Hoje cortamos 17 vias. Com esse novo sistema, vamos passar apenas em cinco. E ainda sem a necessidade de manobras.”
Quando estiver concluído, o novo sistema ferroviário deve resultar em ganho de 63% na capacidade de desembarque de cargas. A previsão é de que a obra dure em torno de 18 meses. A ordem de serviços deve ser emitida ainda em dezembro e a perspectiva é de que o trabalho comece efetivamente no primeiro trimestre de 2024.
“Seguimos com as melhores práticas para que sejam revertidas em operação portuária eficiente e custo adequado.”
Luiz Fernado Garcia, presidente da Portos do Paraná
Com área total de 4,2 milhões de m² e 24 berços de atracação, o complexo portuário registrou, nos primeiros dez meses do ano, movimentação de cargas (importação e exportação) de 53.360.117 de toneladas, 3,66 milhões a mais que no mesmo período do ano passado (alta de 7,4%).
Somente em exportações, o crescimento foi de 15%, alcançando 35.198.778 milhões de toneladas.
Os destaques nos embarques foram soja, açúcar e farelo e os principais destinos, China, Coreia do Sul e Japão. A expectativa é fechar o ano com 62 milhões de toneladas movimentadas.
O aporte para construção do Moegão integra um pacote de R$ 4 bilhões em investimentos, tanto da iniciativa privada quanto do setor público, que inclui:
• Novos terminais,
• novas estruturas,
• licitações planejadas,
• aumento na eficiência do porto.
De 2019 até agora, foram realizados quatro pregões de áreas portuárias e a próxima deve ocorrer no dia 13 de dezembro, na sede da B3, em São Paulo.
Para o presidente da Portos do Paraná, a perspectiva é de otimismo, com cada vez mais um porto sustentável e eficiente. “Temos a grande missão de manter nossa condição atrativa, já que o maior porto da América Latina (Santos) está ao norte e cinco terminais catarinenses ao sul. Para isso, seguimos com as melhores práticas para que sejam revertidas, ao fim do dia, em operação eficiente e custo adequado.”