O ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) recebeu nesta terça-feira (18) o deputado federal André Fufuca (PP-MA) no Palácio do Planalto. Ele tem encontro à tarde com o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE). A pauta dos encontros é a entrada dos dois parlamentares na Esplanada, diz o jornal Valor.
Segundo integrantes do governo, Fufuca e Silvio Costa são nomes certos para o ministério de Lula no segundo semestre. Mas ainda não estão definidas as pastas que eles irão ocupar. Nesta segunda (17), Padilha esteve com o líder do Republicanos na Câmara, Hugo Motta (PB).
As mudanças planejadas por Lula visam abrir espaço para o Centrão com o objetivo de ampliar sua base no Congresso. A tendência é que o PT e o PSB tenham sua participação na Esplanada reduzida.
O Planalto espera que a entrada dos deputados amplie a margem do governo em votações importantes no segundo semestre, como a segunda fase da reforma tributária, a transição energética e a conclusão da votação do arcabouço fiscal.
A meta no Palácio do Planalto é, com as mudanças na Esplanada, angariar 50 votos do União Brasil, 30 do PP, 30 do PL e 30 do Republicanos – 140 votos ao todo. Somados aos votos da federação PT, PCdoB, PV (81), além de aliados do PSD (43), MDB (43), Avante (7), Podemos (12) e SD (4), isso dá mais de 330 deputados, nos cálculos do Planalto. Consegue-se, assim, quórum constitucional para votar medidas de interesse do governo.
Apesar da entrada de filiados seus no governo, no entanto, Republicanos e PP não devem anunciar formalmente que são base de Lula. Assim como ocorre com o União Brasil, essas legendas devem se declarar “independentes” e não se comprometerão com pautas vistas como “ideológicas” ou que representem “retrocessos”, como a revisão da reforma trabalhista, além de medidas de ampliação do crédito.
Nas palavras de auxiliares de Lula, “a ideia é criar uma base que aguente estresse, não que fabrique estresse”.
Lula, que está em viagem ao exterior, deve conversar com o presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) quando retornar ao Brasil. O encontro deve ocorrer na quinta ou na sexta-feira. O presidente da Câmara manifestou há cerca de dez dias a intenção de seu grupo político de integrar a Esplanada, melhorando a governabilidade de Lula.
Possíveis mudanças
As possíveis mudanças envolvem vários ministérios e estão sendo discutidas internamente entre Lula, seus auxiliares mais próximos como os ministros Alexandre Padilha e Rui Costa (Casa Civil), e ministros ligados a partidos políticos. A medida pode envolver, além de demissões pontuais, uma dança das cadeiras de ministros para abrir espaço na Esplanada.
Também há conversas em andamento com lideranças do Congresso. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), jantou na última quarta-feira com Silvio Costa Filho e Hugo Motta (Republicanos-PB) e deve participar cada vez mais das articulações com o Congresso.
Uma ideia aventada no Planalto é a saída do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Por esse desenho, Márcio França (PSB) sairia de Portos e Aeroportos, deixando esse posto vago para um representante do Centrão. Isso, no entanto, dependerá de uma conversa de Lula com Alckmin e da disposição do vice de deixar de acumular as funções. Uma alternativa seria Alckmin ir para a Secretaria-Geral no lugar do petista Márcio Macedo.
Outra mudança possível seria a troca de Luciana Santos (PCdoB) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) para o Ministério das Mulheres, hoje ocupado por Cida Gonçalves, que não tem filiação política.
Interlocutores afirmam que Lula tem resistido a demitir Ana Moser do Ministério dos Esportes. Assim como ocorreu com Nísia Trindade (Saúde), Lula considera a ex-jogadora de vôlei uma ministra “não trocável”, de sua cota pessoal.
Segundo fontes do primeiro escalão do governo, além disso, Lula tampouco pretende entregar ao Centrão a presidência da Caixa e o comando o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), responsável pelo Bolsa Família.
Mas o atual titular do MDS, o senador e ex-governador do Piauí Wellington Dias (PT), pode ser realocado em outro ministério Quanto à presidente da Caixa, Rita Serrano, a tendência é que ela seja substituída devido à insatisfação de Lula com seu desempenho no cargo.
Na sexta-feira, Lula oficializou a nomeação do deputado Celso Sabino (União-PA) como ministro do Turismo no lugar de Daniela Carneiro. Além dele, o partido já tem o Ministério das Comunicações, com o deputado Juscelino Filho (MA). Mas a legenda ainda quer as presidências da Embratur e dos Correios, que estão dentro das pastas que comanda. As negociações devem prosseguir.
Mesmo com todas as mexidas, o governo sabe que o controle sobre o Orçamento continuará a ser um ponto de atrito com o Congresso. Há muita expectativa e apreensão no Planalto com as votações da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e da Lei Orçamentária Anual (LOA) no segundo semestre.