terça-feira 1 de outubro de 2024
Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
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terça-feira 1 de outubro de 2024 às 15:38h

Pablo Marçal corre por doações na reta final e aposta em voto ‘envergonhado’

ELEIÇÕES 2024, NOTÍCIAS


A cinco dias da eleição, o influenciador Pablo Marçal (PRTB) corre atrás de doações para a campanha, aposta no voto “envergonhado”, mira o eleitor indeciso e promete criar “ondas” que, segundo ele, irão garantir sua vitória ainda no primeiro turno.

A mais recente pesquisa Datafolha, da última semana, indica cenário de estabilidade, com o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) disputando a dianteira, com 27% e 25% das intenções de voto, respectivamente. Marçal aparece logo em seguida, com 21%.

Um integrante da campanha defende à reportagem que os institutos de pesquisa não estão captando o voto “envergonhado”, um fator surpresa que poderia beneficiar o influenciador no domingo (6).

Ele se refere a eleitores que não assumem o voto quando questionados, mas que escolherão o autodenominado ex-coach. Segundo essa lógica, o comportamento agressivo do candidato poderia desestimular os entrevistados a dizer publicamente que o apoiam, por vergonha ou medo de julgamento.

Na resposta espontânea, 28% dos eleitores afirmam que ainda não sabem em quem vão votar, mostra o Datafolha.

Ainda segundo este integrante, os “trackings”, como são chamadas as pesquisas internas das campanhas, indicam que Marçal está em primeiro lugar.

Em reunião online com apoiadores nesta terça (1°), o próprio candidato mencionou o tema. “Tem um fenômeno chamado voto envergonhado. De tanto que bateram em mim, as pessoas não estão querendo nem na pesquisa falar”, disse. “Descobri isso rodando pesquisa [com a pergunta] ‘Quem você acha que vai ganhar?’. [Meu nome] Está batendo 46%, para vocês terem uma ideia”, continuou.

Nesse encontro, Marçal estimou apoiadores a transformarem outras pessoas em “líderes” da campanha —ou seja, voluntários engajados em disseminar material em apoio ao empresário e virar votos para ele.

Também participou da reunião o assessor Junior Neves, que afirmou que o objetivo dos líderes agora deve ser mapear os eleitores indecisos e descobrir quais objeções eles têm em relação a Marçal, repassando as informações à equipe do candidato.

Outro assessor, Diego Neves, disse que os líderes podem ajudar a diminuir a rejeição do empresário e a chegar nas pessoas que não têm acesso a celular, principal meio de engajamento do influenciador. Afirmou, ainda, que é importante reforçar o número de urna do candidato.

Na última semana, o influenciador reforçou a divulgação do pix da campanha em sabatinas e em suas redes sociais, assim como fizeram seus assessores. Marçal tem dito que “a única coisa que falta é munição”.

O influenciador sinaliza que ficou frustrado com os jantares com empresários, realizados na mansão do advogado Marcelo Tostes, que doou R$ 310 mil para o candidato.

“Não aguento mais ver esse povo do jantar. Sempre os ricos e os ricos não ajudam. Aos pobres que têm ajudado eu quero agradecer”, disse nesta segunda-feira (30).

Ele afirmou que não haveria novos encontros nesta semana, mas, como mostrou a coluna Mônica Bergamo, o influenciador se reunirá nesta terça em um jantar com empresários organizado pelo deputado federal Ricardo Salles (PL).

Pelos cálculos de Marçal, faltam R$ 3 milhões para arcar com os custos da campanha, que, segundo ele, não contou com recursos públicos do fundo eleitoral. “A grana que a gente tem não dá para ganhar [eleições] para vereador”, afirmou antes de participar de carreata no Grajaú, na zona sul de São Paulo, no domingo (29).

Na tentativa de aumentar o caixa, ele chegou a pedir nos últimos dias R$ 5.000 a candidatos a vereador em todo país em troca de um vídeo de apoio.

Além da corrida por doações, as falas de Marçal têm indicado que ele pode buscar ainda mais polêmicas nos dias que antecedem o pleito. A estratégia que ditou o estilo do neófito nas eleições paulistanas se resume, segundo ele, a “ondas de vibração que atingem todo mundo”, usadas para mantê-lo em evidência e, assim, compensar sua ausência no horário eleitoral.

Ainda faltam quatro dessas ondas para garantir um crescimento diário de dois pontos percentuais e a vitória no primeiro turno, afirma o influenciador, que até aqui apostou nos ataques para se tornar mais conhecido entre os eleitores. “Eu vou estruturar essas ondas para a gente chegar”, diz.

A primeira, promete ele, deve se desenrolar após o fim do período do horário eleitoral gratuito, na quinta-feira (3).

Como de costume, o autodenominado ex-coach cria metáforas pouco claras para explicar seus passos. Marçal nega, por exemplo, se referir a picos de engajamento quando fala das ondas. Mas reconhece que um exemplo foi a cadeirada que levou do apresentador José Luiz Datena (PSDB).

O debate Folha/UOL desta segunda, de acordo com ele, não gerou onda. “É que nem o Medina, o surfista. Estava na Olimpíada e tinha certeza que ia ganhar [sic] o ouro, mas não veio a onda.”

Nos próximos dias, a artilharia de Marçal continuará a mirar Nunes e Boulos, primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto.

Foi essa a estratégia adotada no debate desta segunda, quando perguntou ao prefeito ao menos dez vezes sobre o boletim de ocorrência de violência doméstica registrado por sua mulher, Regina Nunes, em 2011. O caso foi revelado pela Folha nas eleições de 2020, quando Nunes concorreu como vice na chapa de Bruno Covas (PSDB).

O influenciador também voltou a provocar o psolista insinuando que tinha informações sobre uma internação de Boulos, a quem acusa falsamente de usar cocaína. Como mostrou a Folha, Marçal se baseia no processo de um homônimo para atacar o deputado. Nesta segunda, Boulos respondeu que o motivo da internação, aos 19 anos, foi o enfrentamento de uma depressão crônica.

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