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domingo 21 de agosto de 2022 às 15:33h

Os seis recados que as pesquisas da semana deram aos candidatos a presidente

NOTÍCIAS, POLÍTICA


O início da campanha marcou também a convergência das pesquisas eleitorais. A pouco mais de 40 dias das eleições, Datafolha, Quaest e Ipec apresentaram um cenário similar conforme Dimitrius Dantas, do O Globo: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) perto dos 50% dos votos, Jair Bolsonaro (PL) em leve crescimento, e os candidatos de terceira via com dificuldade de superar os dois dígitos. Mais do que isso, os levantamentos também deram alguns recados que devem ser fontes para o trabalho das campanhas na semana que antecede o início da propaganda no rádio e na TV.

Os institutos apresentaram um cenário claro, que inclui desde o aprofundamento da divisão religiosa no país até a ascensão da fome e da miséria como temas de preocupação. O GLOBO preparou um resumo dos principais pontos revelados pelas pesquisas da semana. Confira:

1- Divisão entre evangélicos e católicos fica nítida

Não foi por acaso que tanto Lula quanto Bolsonaro usaram os primeiros dias de campanha compara fazer acenos a evangélicos. A religião, cada vez mais, está tomando posição de destaque nas eleições. Historicamente, os eleitores brasileiros costumam se dividir por renda ou região. Ou seja, tradicionalmente, é comum que os mais pobres votem em um candidato e ricos, em outro. Ou que eleitores do Nordeste votem diferente dos eleitores do Sul. Essa divisão é chamada por especialistas de “clivagem”. As três principais pesquisas divulgadas esta semana deixaram claro a possível formação de uma nova divisão: a religiosa. Evangélicos e católicos apresentam resultados praticamente espelhados nas três pesquisas: Lula tem uma vantagem estável entre os católicos enquanto Bolsonaro amplia cada vez mais sua liderança entre os evangélicos. Na pesquisa Quaest, por exemplo, a diferença religiosa foi maior que a de classe ou de escolaridade.

A dúvida para as campanhas é se ainda há espaço para um aprofundamento dessa divisão. Em seus discursos, Bolsonaro tem apelado para um discurso de apelo moral, lembrando de posicionamentos do PT sobre o aborto, enquanto Lula tem procurado reforçar sua imagem como cristão. O esforço do atual presidente parece ter funcionado entre evangélicos. Entretanto, esse discurso parece não ter efeito entre os católicos que, apesar da preocupação das campanhas com as igrejas evangélicas, ainda formam a maioria do eleitorado, cerca de 54%.

2- Bolsonaro cresce, Lula não cai

Desde o início do ano, o presidente Jair Bolsonaro vem crescendo gradualmente. Em março, ele tinha perto de 26% no Datafolha e na Quaest. Na última semana, apareceu entre 32% e 33% nas três principais pesquisas divulgadas. O crescimento deu esperanças para a campanha do presidente, que ainda prevê um afunilamento. Mas, por outro lado, os estrategistas de Lula costumam apontar para outro fato: Lula não perdeu votos. Desde o início do ano, Lula segue pontuando entre 45% e 47% nas pesquisas. O resultado o aproxima de uma vitória no primeiro turno e reforça a possibilidade de que o espaço de Bolsonaro para crescimento pode estar minguando, a não ser que o atual presidente consiga converter alguns votos de Lula.

3- Auxílio Brasil ainda sem efeitos claros

Uma das principais estratégias para conseguir atrair eleitores que também gostam de Lula foi o aumento do valor do Auxílio Brasil para R$ 600. As pesquisas de julho apontaram um crescimento do atual presidente entre esse eleitorado, mas ela não prosseguiu neste mês. Bolsonaro subiu principalmente nas intenções de voto de eleitores que recebem de dois a cinco salários mínimos, ultrapassando numericamente o ex-presidente Lula, não entre os mais pobres, que são o alvo do programa, segundo o Datafolha.

4- É a economia?

A melhora nos índices de desemprego, aliada à deflação registrada no último mês com a redução dos preços de combustíveis deram um alívio para a situação do governo. Por isso, tanto no Datafolha quanto na Quaest, a aprovação ao governo Bolsonaro apresentou leve melhora. Os dados apontam que as medidas econômicas adotadas pelo governo foram aprovadas pela população. Para 40% da população, a economia ainda é o principal problema do país, mas, se em junho 23% apontavam a inflação como motivo, agora são 15%. Por outro lado, 11% diziam em junho que questões sociais eram o maior problema do país, número que cresceu para 21%. O número de pessoas que colocam fome e miséria como o maior problema do país também dobrou, de 8% para 17%.

5- Aprovação melhora, mas rejeição ainda continua alta

O alívio na aprovação do governo, entretanto, não tem se refletido, ainda, em uma diminuição equivalente na rejeição pessoal ao presidente Jair Bolsonaro. Segundo a Quaest, 55% dizem que não votariam de jeito nenhum no atual presidente. De acordo com o Datafolha, esse número é de 51%. No Ipec, a rejeição foi de 46%. Em comum entre as pesquisas é que, em todas, a reprovação ao governo foi menor: em outras palavras, até uma parte dos eleitores que acham o governo regular dizem que não votariam de jeito nenhum no presidente.

Em princípio, isso não seria necessariamente um problema, mas a rejeição de Bolsonaro também é historicamente alta para um candidato à reeleição. Desde a redemocratização, nunca um candidato conseguiu vencer a eleição com menos do que 45% dos votos de todos os eleitores que foram às urnas. Mesmo considerando a menor rejeição registrada, a do Ipec, Bolsonaro precisaria que, a cada cem pessoas que não o rejeitam, 83 votem nele para vencer a eleição com uma margem consideravelmente estreita.

6- Sudeste é o campo de batalha

Maiores colégios eleitorais do país, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro se tornaram o centro das eleições. Por razões diferentes, os três estados do Sudeste surgiram como os principais focos de atenção das duas principais campanhas. Os comitês entendem que será difícil converter os votos já consolidados em outras regiões, enquanto, no Sudeste, ainda é possível uma inversão da atual preferência por Lula. Em 2018, Bolsonaro venceu nos três estados. Segundo o Datafolha, Lula lidera nos três estados, mas com margens diferentes. Com um considerável eleitorado evangélico, é no Rio de Janeiro onde Bolsonaro tem seu melhor desempenho, seis pontos atrás de Lula. Em São Paulo, a diferença é de 13 pontos e em Minas, de 20 pontos. O resultado em Minas é acompanhado de perto pelos candidatos: historicamente, quem ganha no estado também vence a eleição.

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